I-Press.biz Economia & Mercado | Edição 133 | Ano I

América Latina deve crescer 1,9% no próximo ano
A Cepal - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - revisou em forte baixa sua previsão de crescimento para a região no próximo ano por causa da crise financeira mundial. A Cepal prevê agora, expansão de 1,9%, a taxa mais baixa em seis anos, ante crescimento de 3% previsto em outubro. A taxa de desemprego subirá de 7,5% em 2008 para algo entre 7,8% e 8,1%, no próximo ano, diz a Cepal.O desempenho no próximo ano representará uma forte desaceleração em relação a 2008, quando a América Latina crescerá 4,6%, segundo dados preliminares da Cepal. O próximo ano marcará o fim dos seis anos de crescimento sustentado que se seguiu à recessão de 2002, quando a região registrou contração de 0,5%, disse a Cepal. Segundo a comissão, o Brasil crescerá 5,9% em 2008 e 2,1% em 2009.Com sede em Santiago, a Cepal é uma comissão regional das Nações Unidas encarregada de contribuir com o desenvolvimento econômico da América Latina. O Peru, com projeção de crescimento de 5%, deverá registrar o melhor desempenho regional no próximo ano, segundo a Cepal. Em 2008, o Uruguai liderou o crescimento econômico regional, apresentando expansão de 11,5%, seguido pelo Peru, com 9,4%, e o Panamá, com 9,2%. México e Haiti apresentaram o mais baixo crescimento regional, com 1,8% e 1,5%, respectivamente. (Agência Dow Jones)

Institutos alemães pesquisam América Latina por contrastes e economia
O interesse pela cultura latino-americana teve o seu auge na década de 70, com as ditaduras militares e os exílios de políticos e artistas na Europa. Atualmente, a procura de cursos sobre a região deve-se também, ao crescimento econômico e ao contraste político e social que a região representa no contexto mundial. Os estudos geralmente pertencem ao curso de Romanistik, relacionado às línguas românicas: português, espanhol, francês e italiano. No entanto, algumas universidades possuem centros específicos sobre a América Latina, nos quais desenvolvem conhecimentos sobre o espanhol e o português, história, geografia, economia e literatura. Os institutos de América Latina de Berlim, Hamburgo e Colônia são os maiores da Alemanha e apresentam especificidades quanto às linhas de pesquisa. (Agência Deutsche Welle, da Alemanha)

Festas de final de ano ficam mais modestas com crise
Senão um gosto amargo, a crise deixará ao menos, um gosto de vinho nacional na maioria das confraternizações de fim de ano pelo país. Produtos importados e menus requintados deram lugar a soluções criativas e baratas, para baixar os custos das empresas. Segundo a Abeoc - Associação Brasileira de Empresas de Eventos -, o faturamento no setor no período, pode se retrair em até 30%. Empresas como a Petrobras chegaram a cancelar sua festa natalina. "A gente percebe que os empresários estão em contenção", diz Simone Saccoman, presidente da Abeoc. "Em vez de vários brindes, dão apenas um. Também cortam o coquetel e deixam só o jantar", diz. Segundo ela, o setor vivia um "boom de euforia" e vinha crescendo de 7% a 8% ao ano. "Temos agora de nos ajustar a uma nova situação", diz. Ela prevê que o faturamento das empresas caia até 30% ante 2007.
Nos EUA, onde a crise é mais aguda, uma pesquisa do Korn Ferry Institute, mostra que 32% dos executivos devem diminuir o custo das festas, enquanto outros 30%, cancelaram as confraternizações; 68% admitem diminuir o gasto com brindes de fim de ano. Edna Queiroz, do bufê Naturiche, conta que os clientes estão gastando em média 30% a menos em relação às festas de 2007. Ela diz que a crise a fez criar cardápios mais baratos e trocar ingredientes. "Temos de usar a imaginação. No lugar de sobremesas sofisticadas, muitas frutas da época", diz. Ela espera que o faturamento relativo às confraternizações, seja 15% menor que o de 2007.
Segundo Luis Philipe de Lima, sócio do restaurante La Caballeriza, "os três primeiros trimestres foram excelentes, e diziam que esse ano [2008], seria muito melhor que o ano passado". Até chegar a crise. O restaurante manteve os preços do ano passado e não repassou a diferença da oscilação cambial aos clientes (as carnes e os vinhos da casa vêm da Argentina). Mesmo assim, Lima prevê um dezembro com faturamento 10% menor ante 2007.
Os empresários preferem não falar em desemprego, mas a Abeoc admite que a crise pode diminuir as contratações. Walter Mancini, do grupo de cantinas que leva seu sobrenome, conta que não vai preencher a vaga de dois garçons que deixaram o Walter Mancini Ristorante, recentemente. "Os clientes agora pedem para trazer vinho de casa. O que eu vou fazer? Perder cliente?", indaga. Segundo ele, o movimento começou a cair depois da crise. "Eu não tive casa cheia em dezembro. O movimento está mais de 30% menor", conta.
No caso dos restaurantes, a crise se somou a outro duro golpe que o setor recebeu no ano, a Lei Seca. "Esperávamos um alívio para o Natal, mas já sabemos que 2008 não será um ano bom", diz Jorge Caetano, presidente da Abrasel-SP - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes. Segundo ele, houve brusca diminuição do movimento em setembro, quando estourou a crise, com leve recuperação em outubro e novembro, "quando se achou que o bicho não era tão feio". Mas o movimento baixou de novo em dezembro, quando se esperava faturamento extra com as festas.

Siderúrgica sul-coreana capta US$ 553 milhões para investir em mina no Brasil
A siderúrgica sul-coreana Posco, quarta maior do mundo, anunciou nessa quinta-feira, ter captado 50 bilhões de ienes (US$ 553 milhões) para investir na mina de aço brasileira Namisa e na importação de matérias-primas. O dinheiro foi captado por meio da emissão de um bônus exclusivamente formado em ienes, com vencimento em três anos, adquirido em sua totalidade pela japonesa Sumitomo Mitsui Financial Group. O dinheiro será usado pela Posco para concretizar a compra de uma parte da Namisa - National Minérios S.A. - e para fechar contratos de importação. A Posco integra um consórcio de siderúrgicas sul-coreanas e japonesas que, em outubro, fecharam a compra de 40% da Namisa, com o objetivo de assegurar um fornecimento estável de minério de ferro. O acordo prevê que a Posco terá 6,48% da mina brasileira, mediante o pagamento de US$ 500 milhões. O consórcio é formado, além da Posco, pela Nippon Steel, JFE Steel, Metal Industries, Kobe Steel, Nisshin Steel e Itochu. A CSN - Companhia Siderúrgica Nacional - concluiu em outubro as negociações para vender 40% da Namisa ao grupo, por US$ 3,12 bilhões, pagos à vista. A Namisa, uma unidade da CSN, prevê a produção de quase 18 milhões de toneladas de minério de ferro em 2009, e ambiciona elevar a cota anual a 38 milhões de toneladas em 2013. Pelo acordo, o minério bruto extraído pela siderúrgica brasileira da Mina de Casa de Pedra será vendido à Namisa, para beneficiamento. Uma parte de sua produção vai atender os integrantes do consórcio asiático, em condições contratadas "em termos e condições de mercado", segundo a CSN.

Segunda siderúrgica japonesa desliga forno por fraca demanda de aço
O segundo grupo siderúrgico japonês, JFE Holdings, anunciou ontem, que desligará um de seus altos fornos e prevê reduzir em 26%, a produção de aço no segundo semestre do atual exercício orçamentário por causa da crise econômica. O mais antigo dos três fornos da JFE (em serviço há 18 anos) deixará de funcionar em meados de janeiro. “A decisão foi adotada depois de revisado o rendimento da produção e os custos inerentes", indicou a empresa em um comunicado. A JFE decidiu em novembro que sua produção de aço, durante o período outubro 2008-março 2009, seria de 11,5 milhões de toneladas, contra 15,49 milhões no semestre precedente. Segundo comunicado da empresa, ainda não foi decidido quando o forno voltará a funcionar e, para isso, será observada a evolução da demanda. A siderúrgica sofre de maneira direta o impacto da vertiginosa queda da venda de automóveis e da desaceleração econômica em escala planetária. (Agência France Presse/AFP, de Tóquio)

Turistas portugueses trocam Brasil por destinos mais próximos
Os portugueses estão escolhendo destinos mais próximos e baratos para passarem as curtas férias de Natal e de passagem do ano, ao contrário do que aconteceu em 2007. Apesar da crise, as agências de viagens esperam manter na passagem de ano o nível de atividade do ano passado, embora agora se assista a uma mudança nos hábitos de destinos: os portugueses estão escolhendo locais mais próximos e baratos - e nas reservas de última hora. As vendas de pacotes para o Réveillon estão se processando como no ano passado, com os destinos portugueses da Madeira e do Algarve mantendo-se à frente (acompanhados de alternativas em Espanha e Cabo Verde), enquanto a procura para o Brasil está abaixo do verificado em 2007, de acordo com o diretor da APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo -, João Barbosa. "Há incerteza quanto ao balanço final da operação", precisamente devido às reservas perto da data da viagem, diz Barbosa. Segundo ele, nessa semana a procura aumenta, voltando a uma tendência que já estava caindo, mas voltou com os sinais de crise. "Se desde 2006 as agências premiavam os clientes que reservassem com antecedência, criando um novo hábito, agora as marcações são novamente, feitas em cima da hora." (Agência Lusa, de Lisboa)

Mattel prepara estratégia para relançar Barbie
O grupo Mattel, a maior fabricante de brinquedos do mundo, iniciou um processo para modernizar a marca Barbie e relançar, assim, as vendas da boneca, que, no próximo ano, completará 50 anos, publicou ontem o jornal "The Wall Street Journal". A publicação explica que esse processo de modernização, implicará desde mudanças na estrutura corporativa até na forma como a boneca é fotografada para os anúncios. Com isso, a empresa busca que o brinquedo "volte a entrar na moda" e quer promover a venda de tudo o que for relacionado ao nome da Barbie, em um total que chega a US$ 1,2 bilhão ao ano, ou 20% do faturamento da Mattel. Em novembro, a Mattel anunciou o corte de mil empregos para reduzir gastos e enfrentar melhor a complicada situação econômica, a competição com outras empresas, como Walt Disney ou MGA Entertainment, ou a regulação imposta por causa da aparição de brinquedos com chumbo procedentes da China, entre outros desafios. Nos últimos anos, as vendas da Barbie se estagnaram e "poderia dizer que perdemos o rumo", declarou o novo responsável da marca, Richard Dickson, ao jornal, já que, no começo, a boneca chegava a lançar tendências. (Agência Efe, de Nova Iorque)


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MERCADO DE CAPITAIS

(Informações: Dow Jones, Bovespa, Reuters e AFP)

Ontem – Bolsa do Japão sobe em pregão de feriado
- A Bolsa do Japão fechou o dia com alta nessa quinta-feira, seguindo a sessão de anteontem do mercado americano, que subiu na véspera do feriado do Natal, em um pregão mais curto. Como ontem não foi feriado no país, a Bolsa de Valores de Tóquio funcionou normalmente, encerrando o dia com avanço de 0,97% no indicador Nikkei 255.
Boa parte dos mercados mundiais funcionou por meio período nessa quarta-feira, e não abriram ontem. Na quarta-feira, as Bolsas de Nova Iorque terminaram com leve alta em um dia de poucos negócios. O Dow Jones Industrial Average ganhou 0,58%, e o indicador tecnológico Nasdaq, 0,22%. O índice ampliado Standard & Poor's 500 subiu 0,58%.
"Os volumes de operações se mantiveram muito baixos, mas houve uma boa surpresa com as encomendas de bens duráveis", explicou Gregori Volokhin, chefe de estratégia da Meeschaert, em Nova Iorque.

- Bolsa de Bangcoc: SET fecha sobe 1,25%. O índice SET da Bolsa de Valores de Bangcoc fechou com alta de 5,47 pontos (1,25%), até 444,64.



Bolsas da China fecham em baixa
O pessimismo quanto a uma desaceleração da economia e fracos resultados corporativos sobressaiu sobre os caçadores de pechinchas da parte da manhã, levando o mercado chinês a perder os ganhos iniciais e terminar em ligeira baixa.
- O índice Xangai Composto caiu 0,6% e fechou aos 1.852,42 pontos.
- O Shenzhen Composto recuou 0,4% e encerrou aos 572,99 pontos. Pacific Securities caiu 1,1%. ZTE Corp., fornecedora de equipamentos de telefonia, cedeu 1,3%.
A interrupção da demanda por dólares, devido ao feriado de Natal, levou a moeda chinesa à alta ante a divisa americana na tarde dessa quinta-feira. No mercado de balcão, por volta de 6h20min, o dólar estava cotado em 6,8322 yuans, de 6,8397 yuans do fechamento de quarta-feira.


HOJE – Bolsa de Tóquio ignora dados da indústria e fecha em alta
A Bolsa de Tóquio (Japão) ignorou a
queda histórica na produção industrial do país e fechou com alta nesta sexta-feira. Dados divulgados pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria japonês mostram queda de 8,1% na produção da indústria em novembro, ante recuo de 3,1% em outubro.
A queda na produção foi puxada principalmente pelo recuo nas indústrias automobilística e eletrônica e revela a derrocada nas exportações japonesas diante da crise econômica mundial. Sobre 12 meses, a produção industrial do Japão retrocedeu 16,2%, segundo o ministério.
- A Bolsa fechou com alta de 1,63% no indicador Nikkei 255, aos 8.739,52 pontos, relevando ainda os dados sobre emprego e inflação no período.
Segundo o governo japonês, o desemprego subiu 0,2 ponto percentual para 3,9% em novembro ante o mês anterior e o número de desempregados chegou a 2,56 milhões de pessoas. A inflação, por sua vez, aumentou para 1% em novembro, em comparação anualizada.
O país entrou oficialmente em recessão no terceiro trimestre do ano. Em novembro o Japão registrou uma queda de 26,6%, em ritmo anual, nas exportações e teve seu segundo déficit comercial mensal consecutivo.

Análise - Na segunda-feira, dia 22/12, o governo japonês divulgou uma avaliação sobre o estado da economia do país e afirmou, pela primeira vez em sete anos, que a situação piora. "Aparentemente a economia seguirá piorando", diz o relatório mensal do governo, que destaca uma forte queda da produção industrial e dos resultados das empresas.
Para analistas, o que animou os investidores japoneses foi a esperança de que vão fazer efeito as medidas anticrise adotadas pelo governo. No sábado passado, o parlamento japonês aprovou um orçamento da ordem de US$ 54 bilhões para estimular o consumo e setor produtivo e enfrentar os desdobramentos da crise financeira que abala a economia mundial.
Em outras Bolsas da região Ásia-Pacífico, os resultados foram variados.

- O indicador KOSPI da Bolsa de Seul (Coréia do Sul) recuou 0,94%.
- O Shangai Composite de Xangai (China) encerrou o pregão com leve perda de 0,05%.


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ÍNDICES ECONÔMICOS


Juros do cheque especial atingem maior nível em cinco anos
Os juros do cheque especial em novembro atingiram o maior nível desde junho de 2003, segundo dados divulgados nessa terça-feira, pelo Banco Central. A taxa subiu 4 pontos percentuais, passando de 170,8% ao ano em outubro para 174,8%, no mês seguinte.
No geral, os juros para pessoa física subiram 3,8 pontos percentuais em novembro,
alcançando 58,7% ao ano, o maior nível desde março de 2006. A taxa para pessoa jurídica caiu 0,4 ponto percentual, passando de 31,6% ao ano em outubro para 31,2% em novembro. A taxa média geral ficou em 44,1% ao ano, valor 1,2 ponto percentual maior do que no mês anterior.
O spread bancário para pessoa física chegou a 43,6% ao ano em novembro, alta de 3,8 pontos percentuais em relação a outubro, o maior desde março de 2006. Para pessoa jurídica, o spread foi de 18,3% ao ano no mês passado, alta de 0,8 ponto percentual. A taxa do crédito pessoal, também aumentou de 57,5% ao ano em outubro para 60,6% ao ano em novembro. Para o financiamento de veículos, a taxa passou de 34,1% ao ano para 37,6% em novembro.
PIB
O volume de crédito concedido alcançou
40,3% do PIB - Produto Interno Bruto - em novembro, contra 39,6% em outubro. A relação alcançou um patamar recorde. O volume total cresceu 2%, alcançando R$ 1,2 trilhão em novembro. Para pessoa jurídica, o crescimento foi de 3%, mas, para pessoas físicas, foi de apenas 0,1%. "Se observa uma continuidade de crescimento no crédito, principalmente no crédito voltado para a pessoa jurídica", afirmou o diretor chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. A média diária de concessão de crédito aumentou 4,2%, crescendo 6% para pessoas físicas e 3,3% para pessoa jurídica.
Perspectivas
Segundo Lopes, o volume de crédito
deverá crescer 16% em 2009 - a metade da expansão acumulada nos últimos 12 meses, que é de 32,8%. Para 2008, a previsão é fechar o ano com um crescimento de 31%. "Crescer 16% não é trivial, principalmente em um ano em que você está em recuperação, não é tão baixo", afirmou Lopes. A projeção é que o volume de crédito alcance 42% do PIB no próximo ano. Para 2008, a relação crédito/PIB deve ficar em 40,5%.

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MERCADO FINANCEIRO

Mantega considera intolerável alta de "spread" bancário
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou "intolerável" a alta dos "spreads" cobrados pelos bancos em novembro, segundo dados divulgados na última terça-feira, 23/12, pelo Banco Central. Contrariado com a notícia, Mantega disse que o governo vai tomar medidas no início do ano que vem para forçar os bancos a baixar o "spread" - a diferença entre o juro cobrado nos empréstimos e as taxas pagas pelos bancos aos investidores. O saldo determina o lucro bancário nas operações de crédito. De acordo com os dados do Banco Central, o "spread" bancário aumentou de 1,9 ponto percentual em novembro, em relação a outubro e 6,8 pontos percentuais, em 12 meses.
O spread bancário para pessoa física chegou a 43,6% ao ano em novembro, alta de 3,8 pontos percentuais em relação a outubro. Para pessoa jurídica, o spread foi de 18,3% ao ano no mês passado, alta de 0,8 ponto percentual. Mantega não disse, no entanto, quais seriam as medidas que o governo poderia tomar para forçar os bancos a baixarem os juros. Mas a preocupação do ministro é com o crescimento da economia para 2009.
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, disse recentemente que o crescimento da economia brasileira nos últimos anos, mostra que a autoridade monetária não pode ser acusada de errar na administração da taxa básica de juros, hoje em 13,75% ao ano. Para Meirelles, boa parte do problema gerado pela crise internacional, está ligada a questões de liquidez (falta de dinheiro para crédito) e não à taxa básica de juros. Segundo ele, nesse momento, o problema fica concentrado no spread bancário. "Há uma separação entre a questão da liquidez e a política monetária. O que está se fazendo nesse momento é para que o spread bancário e a oferta de crédito retornem à normalidade. Isso é o que está afetando a economia brasileira nesse momento", disse o presidente do BC à época.

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AGRONEGÓCIOS

Safra 2008/09 será decisiva nos rumos da crise e do mercado

O ano de 2009 será um ano-chave para a agricultura brasileira e para a economia mundial. A avaliação é do agrônomo do Deral, Otmar Hubner. E, ao menos por enquanto, o cenário que se desenha pode ser favorável ao milho, cultura de verão que tem situação mais incerta no Brasil, atualmente. Nesse ano, o desempenho das exportações brasileiras de milho foi prejudicado pela colheita de boas safras de cereais na Europa e Ásia. “Quem não é auto-suficiente nesses continentes procurou fornecedores mais próximos, que têm preços mais competitivos”, explica o pesquisador do Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - da USP - Universidade de São Paulo -, Lucilio Alves.
Mas depois de colher boas safras na temporada 2007/08, China e Europa, maiores consumidores de milho do mundo, devem ter produção menor e podem precisar importar mais no próximo ciclo. Os EUA, principal exportador, devem recuar a área de plantio na próxima temporada. Enquanto colhem as últimas lavouras, os produtores norte-americanos começam a planejar a safra 2009/10. Com custos elevados, crédito retraído e preços em queda no momento da comercialização, o clima no Hemisfério Norte é de ceticismo.
Safras menores nos principais players do mercado de milho abrem espaço para o Brasil, que é o único país que tem excedente considerável desse produto para exportar. Enquanto no mundo todos os estoques do cereal estão no mais baixo nível dos últimos anos, no Brasil são os mais altos da história. A previsão da Conab - Companhia Nacional de Abastecimento - é de que o país encerre o ano com pouco menos de 14 milhões de toneladas estocadas, mais que o dobro do registrado no ano passado. O volume é suficiente para quase quatro meses de consumo.
Mas, ainda que reduza a área no próximo ciclo, os EUA devem retomar espaço no mercado exportador, adverte a agrônoma do Deral, Margorete Demarchi. Mesmo com os preços do milho caindo, a produção de etanol a partir do cereal, não se viabiliza com o petróleo em queda livre, afirma. Um recuo na demanda por milho para a fabricação do combustível deixaria o país com maior excedente exportável, argumenta a agrônoma.
Fernando Muraro, analista da consultoria AgRural, concorda que os EUA podem incrementar sua participação no mercado internacional de milho no próximo ano, mas não acredita que isso irá acontecer às custas do etanol. Para ele, mesmo com margens apertadas, os norte-americanos continuarão destinando uma porção considerável de sua safra de milho para a produção do combustível. “Para atender à lei energética, os EUA terão que continuar usando grande volume do grão para etanol”, argumenta o analista.
A Energy Bill, aprovada pelo congresso norte-americano em dezembro de 2007, estabelece metas para a substituição progressiva de combustíveis fósseis por energia renovável. A lei determina que o consumo de biocombustíveis seja ampliado para 49,2 bilhões de litros até 2012 (quase o dobro do atual). Em 2022, o consumo de etanol no país deve alcançar 136,3 bilhões de litros, sendo que o uso do combustível, feito à base de milho, está limitado a 56,8 bilhões de litros. Não parece muito, mas para atender a essa demanda, os EUA teriam que destinar 136 milhões de toneladas do cereal para esse fim, o equivalente a 44,5% da sua safra anual.


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SETOR AUTOMOTIVO


Montadoras chegam ao final de 2008 à beira de um colapso
Nenhuma montadora de veículos do mundo conseguiu escapar da tormenta que sacode o setor em 2008 e que pode trazer ainda muitos prejuízos, mesmo com o socorro de alguns governos a essa indústria rica em mão-de-obra. Em Washington, as três gigantes norte-americanas - General Motors, Ford e Chrysler - terminam o ano com a
ajuda do Congresso, condicionada para as duas primeiras, de US$ 17,4 bilhões para escapar da falência. A crise de crédito teve efeitos arrasadores para as indústrias de Detroit - a "capital da indústria automotiva mundial -, em um contexto em que os bancos não querem emprestar dinheiro para os consumidores. A indústria, também é castigada por produzir veículos de elevado consumo de combustível, em tempos de altos preços do petróleo (nesse ano, o barril chegou a atingir US$ 147 em Nova Iorque).
General Motors e Chrysler advertiram que poderiam quebrar no início do próximo ano se não recebessem ajuda estatal, ante a reticência dos políticos americanos em acudir o setor, que de todas as formas pode estar condenado pela competição estrangeira. Mesmo depois da decisão de Washington em socorrer a indústria, que emprega um a cada dez trabalhadores dos EUA, um analista da agência de classificação de risco Standard & Poor's, disse que "a quebra de um dos fabricantes continua possível".
Os problemas das montadoras não serão resolvidos de um dia para o outro, porque continuarão a sofrer os efeitos da queda da demanda no mundo. "Será difícil encontrar uma região do mundo que não esteja sob forte pressão", disse Lemos Stein. Na Europa, como na Ásia, os fabricantes devem recorrer às férias forçadas ante uma baixa das vendas que tem superado os 40% em muitos países, durante os últimos meses. Na França, o presidente Nicolas Sarkozy, anunciou recursos de 1.000 euros para os compradores de veículos novos para estimular a renovação dos estoques de carros.
Países emergentes não passaram ilesos pelos reflexos da crise no mercado automotivo - nem sequer o Brasil e a China, onde o crescimento alcançou entre 20% e 30% nos últimos anos e, onde o número de novos emplacamentos, caiu 10% em dezembro. "Ainda não tocamos o fundo. As más notícias continuam chegando", disse Rebecca Lindland, analista da Global Insight, que não espera uma normalização da atividade antes de 2010. "A Europa está em fase de início de recessão e os mercados emergentes, seguem desacelerando e não se sabe quando esse processo será contido", afirmou. A crise supõe uma redistribuição do mercado em todo o mundo. A Toyota está a ponto de se tornar a número 1 do setor, superando a GM, enquanto que a Volkswagen, já deslocou a Ford ao terceiro lugar na classificação.
Como sinal dos tempos, a Ford teve que vender as renomadas marcas britânicas Jaguar e Land Rover, ao grupo indiano Tata, e pode desfazer-se da sueca Volvo. Já a GM estuda a venda da Saab. Mas, as dificuldades financeiras emperram o jogo: a GM renunciou à
fusão com a Chrysler e, na Alemanha, a Porsche teve que fazer o mesmo em relação à Volks. Esses mesmos problemas de recursos ameaçam frear o avanço em direção a modelos mais econômicos em combustíveis. Na Ásia, a Toyota chegou a advertir, em novembro, que seus ganhos devem cair nesse ano, ao nível mais baixo em nove anos, enquanto, a Honda e a Nissan, preparam comunicado similar aos seus investidores, como, também, já fez a alemã BMW.

Braço financeiro da GM terá direito a ajuda de governo
O Federal Reserve atendeu a um pedido do braço financeiro da General Motors (GMAC) para se tornar uma holding bancária. Com isso, o GMAC passa a ter direito a parte do pacote de US$ 700 bilhões do governo, aumentando as chances de sobrevivência da empresa. Analistas apontavam que sem o auxílio financeiro, o GMAC teria que decretar moratória ou mesmo fechar. Isso deixaria as chances de a GM sobreviver são mais difíceis. O Fed citou "condições de emergência" para atender ao pedido. O GMAC fornece financiamento tanto para os revendedores quanto para os consumidores da GM. A parcela de 51% da companhia é da Cerberus Capital Management LP, que também mantém a Chrysler. A GM possui os restantes 49%. A GM se comprometeu a reduzir sua participação na GMAC para menos de 10%.


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COMÉRCIO EXTERIOR


No maior produtor, queda generalizada dos embarques

Nos EUA, maior produtor e exportador de soja e milho do mundo, as vendas externas desses dois grãos, têm um desempenho ainda pior que no Brasil. Por lá, haverá queda no volume embarcado, tanto do cereal quanto da oleaginosa. Desde setembro, quando teve início a temporada comercial 2008/09 no país, até a segunda semana de dezembro, 19,3 milhões de toneladas de soja haviam sido negociadas, volume semelhante ao registrado em igual período de 2007 (20 mi de t). A firmeza das vendas externas da oleaginosa é sustentada pela China, que já comprou dos EUA 10% mais soja que no ano passado. Até agora, o país asiático abocanhou 55% do total vendido pelos EUA (10,7 mi de t). No ano passado, nessa mesma época, metade do volume exportado pelo país teve como destino os portos chineses.Mesmo com a demanda chinesa firme e apesar da produção 9% maior nesse ano, a expectativa do departamento de agricultura do país (USDA) é de uma queda de mesma intensidade (-9%) nas exportações de soja. A produção norte-americana, que no ciclo anterior alcançou 72,8 milhões de toneladas, deve avançar para 79,5 milhões em 2008/09. Até agosto de 2009, quando termina a temporada agrícola norte-americana, o USDA estima que sejam negociadas 28,6 milhões de toneladas da oleaginosa. No ano passado, em 52 semanas, foram vendidas ao todo, 31,6 milhões de toneladas. Já as exportações de milho dos EUA não demonstram o mesmo fôlego. Até a segunda semana de dezembro, 20,2 milhões de toneladas do cereal haviam sido negociadas pelo país, volume 46% inferior ao registrado em igual período de 2007 (37,7 mi de t). No ciclo anterior, a colheita de uma safra recorde de 332 milhões de toneladas, permitiu que o país enviasse ao exterior nada menos que 61,9 milhões de toneladas de milho. Nesse ano, com previsão de uma produção 8% menor (305,3 mi de t), as vendas externas devem, por conseqüência, recuar também. E em maior intensidade. Por enquanto, o USDA espera uma queda anual de 26% nos embarques do cereal, com um total de 45,7 milhões de toneladas exportadas até agosto do ano que vem. Mas para cumprir essa meta, os EUA teriam que escoar quase 700 mil toneladas do grão por semana durante oito meses e meio. Na semana de melhor desempenho até agora, as vendas externas de milho do país, somaram 975,2 mil toneladas. Como a partir do início do ano o milho norte-americano começa a disputar espaço no mercado internacional com o produto sul-americano, a expectativa do mercado é que o relatório de janeiro do USDA traga nova redução da meta para as exportações de milho dos EUA.


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LOGISTICA & infra-estrutura


Transporte mede desempenho do agronegócio
A importância do transporte para a economia brasileira pode ser medida pelo desempenho do agronegócio na balança comercial. Em 2007, o a exportação de produtos agropecuários gerou US$ 49,6 bilhões, representando 25,1% do PIB - Produto Interno Bruto - e 36,4%, do total do comércio exterior. O Ministério da Agricultura incentiva a adoção de medidas para amenizar gargalos e contribuir para o crescimento das vendas externas. Em 2007, por exemplo, foram iniciadas obras nas rodovias federais 158, 174, 242 e 364, no Mato Grosso, e na BR-163, divisa com o Pará. Será investido R$ 1,25 bilhão, do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento -, para construção e pavimentação das vias. A BR-174, com inauguração prevista para o final de 2008, facilitará o escoamento da produção de algodão, arroz, soja e milho. As demais rodovias têm estimativa de conclusão para 2010. Todas as intervenções são acompanhadas pelo DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte -, do Ministério dos Transportes. Os 23 municípios mato-grossenses, situados na área de influência da Rodovia 163, produzem 12,3 milhões de toneladas de grãos. Na região, está localizado o município de Sorriso, que, em 2007, foi o maior produtor de soja do Brasil, com cerca de 1,6 milhão de tonelada. No Pará, a estrada atravessa uma das regiões mais ricas do País, em potencial econômico e recursos naturais, como as bacias hidrográficas do Amazonas, Xingu e Teles Pires-Tapajós.
O investimento nas regiões, Centro-Norte e Centro-Oeste, é considerado prioritário porque, nessas localidades, as distâncias dos portos exportadores e mercados consumidores são maiores, se comparadas com outras regiões do País. Também refletem a interiorização da agricultura, que mudou a geografia econômica do agronegócio brasileiro.


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ENERGIA & Telecomunicações


Telecom Itália revê estrutura organizacional
A Telecom Itália aprovou uma nova estrutura organizacional que abrange três segmentos: o setor doméstico, o projeto desmobilização de ativos e o setor internacional. A diretoria de operações domésticas - Domestic Market operations -, liderada por Oscar Cicchetti, será organizada em três áreas, para melhor atender os clientes e aumentar a participação de mercado da empresa.
Uma das áreas, batizada de Consumer Market, ficará a cargo de Carlos Lambarri e terá foco no aumento do uso dos serviços inovadores de rede, por parte de indivíduos e famílias, na defesa de participação de mercado em serviços tradicionais e inovadores, no fixo e no móvel. O outro segmento é o de Business Market, de responsabilidade de Pietro Labriola, que voltado para a promoção das tecnologias da informação e da comunicação (ICT, na sigla em inglês) por parte das pequenas e médias empresas. A terceira área, comandada por Gianfilippo D'Agostino, terá a responsabilidade sobre grandes contas e empresas.
Dentro da diretoria de operações domésticas, estarão também, a as funções Business Innovation, de responsabilidade de Luca Tomassini, que dirigirá o processo de inovação dos serviços, e Quality of Service, de responsabilidade de Paolo D'Andrea, que coordenará processos, atividades e projetos destinados ao aumento da qualidade percebida e medida em todas as relações entre produto e mercado. O projeto de desmobilização de ativos será de responsabilidade de Giovanni Stella, que mantém o cargo de vice-presidente executivo de TI Media. A diretoria International Business será confiada interinamente, ao administrador delegado Franco Bernabè. A empresa também constituiu um comitê para definir estratégias e datas das ações de desmobilização de ativos.
Na TIM Brasil, será proposta a nomeação de Luca Luciani como membro do Conselho de Administração e CEO. Para a presidência do conselho da TIM Participações, será proposta a nomeação de Mario Cesar Pereira de Araujo. Carlos Lambarri mantém temporariamente, o cargo de CEO da alemã Hansenet.



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MERCADO DE TI


RIM acusa Motorola de bloquear propostas de emprego
A Research in Motion, fabricante do BlackBerry, abriu processo contra a Motorola, alegando que a empresa a está impedindo irregularmente, de oferecer empregos a antigos funcionários da fabricante de celulares, informou a agência de notícias Bloomberg.
A RIM, em queixa apresentada a um tribunal estadual em Chicago, solicitou um mandado que invalide o acordo assinado entre as empresas no ano passado, que as proíbe de fazer propostas de emprego aos trabalhadores uma da outra, segundo a agência. O acordo expirou em agosto e não tem mais validade, informou a agência, citando a queixa.
A Motorola está tentando prorrogar a validade do acordo indevidamente, a fim de "impedir que entidades ligadas a RIM, contratem quaisquer funcionários da Motorola, entre os quais os milhares que a empresa demitiu ou demitirá", teria alegado a RIM na queixa, de acordo com a agência.
O processo surge três meses depois que a Motorola abriu processo contra a RIM, em Chicago, por violação do acordo, de acordo com a agência. No processo da Motorola, a empresa solicitou que o juiz proíba a RIM de utilizar informações confidenciais sobre a Motorola ou de apresentar propostas de emprego ou contratar quaisquer de seus funcionários, afirmou a agência.
O acordo era parte de um entendimento mais amplo de confidencialidade entre as duas empresas, assinado em fevereiro, sob o qual elas concordaram em trocar informações sobre um assunto confidencial, afirmou a agência, citando a queixa. Não foram localizados representantes da RIM e da Motorola para comentar o assunto. (Reuters, de Bangalore/Índia)


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MERCADO ONLINE

Biblioteca digital da União Européia volta ao ar depois de pane
A primeira grande biblioteca digital da União Européia, Europeana (www.europeana.eu), voltou a funcionar novamente, no dia 23/12, um mês depois de sair do ar, sobrecarregada pela forte procura dos leitores. "O Europeana está funcionando novamente... após nós termos quadruplicado a capacidade do servidor", afirmou o porta-voz da Comissão Européia Martin Selmayr. A Europeana dá acesso em vários idiomas a 2 milhões de livros digitalizados e outros itens culturais e de importância histórica, armazenados por mais de mil instituições nos 27 países da UE. Logo após o seu lançamento em 20/11 o site entrou em pane, com os servidores sobrecarregados por um volume de 10 milhões de acesso por hora. (Reuters, de Bruxelas)


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MERCADO DE LUXO


O mercado do luxo descobre o Brasil
Por onde quer que passe, a mais grave crise financeira dos últimos 80 anos, tem deixado um aparentemente inesgotável rastro de devastação. Bancos centenários foram levados à bancarrota, grandes fundos de investimento evaporaram da noite para o dia, e ícones do setor automotivo agonizam, a espera de um bilionário resgate financeiro por parte dos governos da Europa e dos EUA. Agora, a crise ameaça alcançar um dos setores mais exuberantes da economia mundial: o de luxo. O setor, que passou praticamente incólume pelas duas últimas recessões mundiais, deve crescer apenas 3% em 2008, ante a média de 10% nos últimos cinco anos. Para 2009, a previsão é que esse segmento, que movimenta 250 bilhões de dólares ao ano, até encolha. Diante de um cenário no qual a riqueza se esvai, algumas das grifes mais badaladas do mundo, como Gucci, Louis Vuitton e Armani, decidiram centrar esforços nos países emergentes e, com isso, tentar reduzir os efeitos da crise. Uma pesquisa realizada pela consultoria Bain & Company mostra que o mercado de luxo nos países que compõem o Bric (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China), com crise e tudo, deve crescer, em média, 25% nos próximos cinco anos. E o mercado brasileiro, com faturamento estimado hoje em 1,6 bilhão de dólares ao ano, é o que deve registrar o maior aumento nesse período: cerca de 35%. O frenesi em torno desse crescimento é tal que recentemente, o prestigiado jornal britânico The Guardian, dedicou uma página inteira ao assunto. "O Brasil tornou-se um dos mercados mais atrativos do mundo para as marcas de luxo", afirma John Guy, especialista em mercado de luxo da corretora MF Global. O entusiasmo exibido pelas grifes de luxo em relação ao mercado brasileiro, pode ser medido pela quantidade de marcas que chegaram ao país em 2008. De janeiro para cá, 20 marcas inauguraram operações próprias no país - quase o dobro do registrado em 2007. A lista inclui nomes como a italiana Emilio Pucci, que conta com apenas 30 lojas espalhadas pelo mundo; a francesa Goyard, maior concorrente da Louis Vuitton e a americana Gant, uma das marcas de luxo mais bem-sucedidas dos EUA. Nos próximos meses, outras dez grifes devem ter suas lojas inauguradas no país, entre elas a francesa Hermès, famosa por sua coleção de bolsas de couro e lenços de seda feitos à mão. O mesmo estudo da consultoria Bain & Company estima que essa invasão esteja apenas no começo. Mais de 50 grifes de luxo devem se estabelecer no Brasil nos próximos cinco anos. Ao mesmo tempo, as marcas que já haviam se estabelecido no país decidiram acelerar seus planos de expansão. A Armani, por exemplo, pretende inaugurar outras sete lojas por aqui, até 2009. A Louis Vuitton vai abrir sua quinta loja em Brasília. Dior, Bvlgari e Givenchy também planejam novas unidades até o final do próximo ano. "Para as marcas de luxo, não existe crise no Brasil", afirma Lorre White, uma renomada especialista no mercado de luxo. "Apesar de representar muito pouco nas vendas dessas marcas, a maioria aposta em seu potencial de crescimento." Não é de hoje que as grifes internacionais estão de olho nos mercados emergentes, como forma de catapultar seu crescimento. Cada vez mais pressionadas por resultados, essas marcas - a maioria pertencente a grandes conglomerados - têm procurado alternativas à estagnação de seus mercados mais tradicionais na Europa, nos EUA e no Japão. "A crise financeira apenas acelerou o processo", afirma Pamela Danziger, presidente da consultoria Unity Marketing, especializada no segmento de luxo. No caso específico do Brasil, o otimismo pode ser explicado pela combinação de dois fatores. Um deles é a produção em série de novos milionários. Nos últimos dois anos, o efervescente mercado de capitais no Brasil, acabou criando uma legião de novos-ricos, num ritmo superior a qualquer outro país do mundo. Segundo dados do banco de investimento Merrill Lynch, ao longo de 2007 surgiram 63 novos milionários por dia no país. O número de pessoas com patrimônio superior a 1 milhão de dólares, aumentou de 92 000 em 2002 para 143 000 em 2007, um salto de 55%. Hoje, há mais milionários no Brasil do que na Índia ou na Rússia, famosa por seus oligarcas. E, pelo menos até o momento, a crise no mercado de capitais parece não ter alterado significativamente, esse quadro.

O quadrilátero das grifes
O segundo fator que explica o interesse dessas grifes, sobretudo em um momento de retração lá fora, está relacionado às características do mercado de luxo brasileiro. Por aqui, a esmagadora maioria das receitas, ainda vem de consumidores de alta renda, um processo diferente do que acontece em outros países. No exterior, o crescimento dos últimos anos foi puxado pela ascensão da classe média, ansiosa por adquirir o status que esse tipo de produto dá. No Brasil, a expansão do crédito verificada nos últimos dois anos definitivamente, não foi suficiente para alçar a classe média ao exuberante mercado de luxo. É uma má notícia, por um lado. Por outro, as empresas do setor, ainda enxergam por aqui uma clientela de alto padrão não suficientemente atendida e que, apesar da crise, ainda tem recursos suficientes para comprar um novo relógio ou um exemplar de uma nova coleção de bolsas. "No Brasil, o consumo de luxo, ainda é restrito ao alto do topo da pirâmide, um grupo pouco suscetível às oscilações no crédito", afirma Cláudia D’Arpizio, da Bain & Company. "E as empresas acham que muitos dos membros dessa elite, ainda não entraram para valer nesse tipo de consumo."

Elas estão chegando
Com tais peculiaridades, não surpreende que o Brasil tenha um perfil singular na comparação com seus pares do mundo emergente, principalmente quando o assunto é o gasto per capita. Um levantamento inédito realizado pelas consultorias MCF e GfK, especializadas no segmento de luxo, ajuda a mensurar essas diferenças. Em média, os consumidores brasileiros de luxo gastam 3 000 reais a cada compra e, não raro, fazem de duas a três aquisições por mês. Isso faz com que o consumo mensal de artigos de luxo no Brasil, por cliente, seja da ordem de 2 800 dólares por mês. É um número quatro vezes maior do que o verificado na Índia e o dobro do que gasta um consumidor chinês. Existem algumas diferenças também em relação à idade e à escolaridade do cliente-padrão. De acordo com o estudo, mais da metade dos compradores brasileiros de marcas de prestígio é mulher, com nível superior e idade entre 26 e 35 anos. Na China e na Rússia, o público dessas grifes são mulheres mais jovens, com idade entre 20 e 30 anos, e elas nem sempre têm diploma. Na disputa por essa clientela altamente exigente, muitas empresas desenvolveram serviços específicos para o mercado brasileiro. A filial local da Armani, por exemplo, é a única no mundo em que o cliente pode parcelar suas compras em até dez vezes no cartão de crédito, independentemente do valor envolvido. "No início, foi difícil para a matriz italiana entender essa peculiaridade do consumidor brasileiro", afirma André Brett, dono da marca no Brasil. "Trata-se de uma questão cultural. Aqui, toda compra é parcelada, ainda que o cliente tenha condições financeiras de pagá-la à vista." A concentração dessa clientela, e das lojas que trabalham com ela, é outro dado que chama a atenção no universo do luxo brasileiro. Mesmo com um vasto território e com uma legião de clientes endinheirados que fizeram fortuna com o agronegócio, aproximadamente 75% dos artigos de luxo do Brasil são vendidos na cidade de São Paulo. E, desse total, 95% são comprados numa região que ficou conhecida como Quadrilátero do Luxo. Trata-se de uma área de pouco mais de 2,6 quilômetros de raio que concentra os quatro principais pontos-de-venda de grifes famosas do país: o shopping Iguatemi, no bairro de Pinheiros, as imediações da rua Oscar Freire, nos Jardins, a Villa Daslu, no bairro da Vila Olímpia, e o Shopping Cidade Jardim, localizado próximo à marginal Pinheiros. Juntos, esses centros reúnem mais de 150 marcas, algumas com lojas tão sofisticadas quanto as encontradas em grandes centros, como Londres ou Nova Iorque. É o caso da fabricante de relógios Rolex, que inaugurou uma loja própria no Shopping Cidade Jardim. A filial brasileira conta com a linha completa de relógios desenvolvidos pela marca, sem dividir espaço com outras grifes, como acontece normalmente. Como essa, existe apenas outras cinco no mundo. "O público brasileiro é bastante sofisticado, e as grifes estão começando a se dar conta disso", afirma Carlos Ferreirinha, da consultoria MCF. Nos próximos meses, a região do Quadrilátero deve ainda, ganhar outros dois centros de luxo. O Shopping JK, do grupo Iguatemi, e o Vila Olímpia, do grupo Multiplan, devem ser inaugurados em 2009 e contarão com grifes como Armani e Ermenegildo Zegna.

A força dos emergentes
Com a grande quantidade de novos empreendimentos, pode parecer que o Brasil vive uma espécie de bolha do luxo. A verdade é bem diferente disso. No universo de nomes sofisticados como Prada, Hermès, Gucci, Chanel e Louis Vuitton, só existe uma coisa mais "degradante" para a marca do que a realização de grandes liquidações: o fechamento de uma filial por mau desempenho de vendas. Para essas empresas, a abertura de novos pontos é quase sempre uma decisão definitiva e, não raro, leva anos até ser tomada. O que está acontecendo agora no país foi, portanto, decidido há muito tempo e, nesse sentido, o passado de instabilidade econômica ainda pesa contra o Brasil, fazendo com que o ritmo de abertura de lojas, embora intenso para os padrões nacionais, aconteça em ritmo mais lento do que o ocorrido na China ou na Rússia. A grife francesa Hermès é um bom exemplo disso. A decisão de abrir a primeira loja no Brasil levou dez anos para ser tomada. No mesmo período, foram inauguradas duas filiais na Rússia, 11 na China, 15 na Coréia do Sul e seis em Cingapura. "Desde a nossa inauguração, em 1837, nunca fechamos uma única loja", afirmou a EXAME Christian Blanckaert, vice-presidente executivo da Hermès para assuntos internacionais. "E não pretendemos começar a fazer isso, logo agora." Apesar das boas perspectivas de crescimento nos próximos anos, é consenso entre especialistas de mercado, que o Brasil, ainda está longe de se tornar um centro de consumo de luxo com peso internacional. O país conta com uma das taxas de importação mais altas do mundo, em torno de 60%. Na China e na Rússia, seus principais concorrentes, a alíquota média para produtos de luxo é 20%. Com tarifas tão elevadas e uma moeda cada vez mais desvalorizada, os artigos de luxo vendidos por aqui, chegam a custar 30% a mais do que os encontrados nos mercados desenvolvidos, como Europa e EUA. Essa distorção faz com que o que já seria naturalmente caro, acabe se tornando praticamente, inacessível. Além disso, o avanço da economia brasileira é visto com certa desconfiança por muitos executivos do setor, escaldados por anos de fortes oscilações na demanda interna. O resultado é um ritmo de crescimento ainda mais cauteloso em comparação com outros países. A abertura da primeira loja da grife italiana Gucci no país, controlada pela rede de varejo PPR, por exemplo, foi adiada em um mês nesse ano. Ao mesmo tempo, foram inauguradas duas novas lojas na China. "Muitas grifes que estão se estabelecendo no Brasil, ainda estão pagando para ver", afirma Laudomia Pucci, co-diretora da grife italiana Pucci. A diferença é que antes elas nem isso faziam. O fato é que o cenário de penúria em muitos países acabou beneficiando o luxo no Brasil. (Especial, Revista Exame)

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