Setor agropecuário brasileiro não consegue crescer mais

Setor agropecuário brasileiro 
não consegue crescer mais

Kátya Desessards

Há 20 anos, o setor agropecuário brasileiro tem evoluído em todos os aspectos. Novas práticas de manejo aliadas a tecnologia foram introduzidas com sucesso. Uma visão de gestão do negócio vem, gradativamente, elevando propriedades familiares ao escopo de empresas. E a união de entidades fortes e participativas junto ao poder executivo de todas as esferas, mostra esse momento de crescimento. 

Os números endossam a nova realidade. Em setembro, o valor bruto da produção agropecuária, até o final deste ano, deve crescer 9,7% e atingir R$ 411,9 bilhões. Os cálculos são do Ministério da Agricultura, que projetou crescimento de R$ 25,8 bilhões (+10,3) no valor da produção das principais lavouras, para R$ 276 bilhões. A estimativa é de crescimento de 8,6% (R$ 10,7 bilhões) na renda da pecuária, para R$ 135,8 bilhões. 

E o que não se está aprendendo com essa nova realidade?

A cada safra, nos últimos 10 anos, o setor agropecuário enfrenta o mesmo problema: a falta de infraestrutura logística para o escoamento da produção.
E o que, efetivamente, o executivo tem feito para eliminar este problema? Muito pouco. Não há uma visão sistêmica de toda a cadeia, nem a gestão coerente dos investimentos públicos em infraestrutura de transportes. 

O campo precisa e pode crescer mais. Mas como equacionar esse gargalo logístico? A resposta é óbvia. Estabelecendo um sistema logístico multimodal. 

A falta de uma infraestrutura que se comunique com diversos modais, onera a produção brasileira em toda cadeia e impacta nossa capacidade competitiva no mercado internacional. 

Estudos mostram, todos os anos, que o setor agropecuário nacional tem acoplado de forma inexorável aos seus custos fixos de produção, o custo logístico que, em média, é de 35%. Isto sendo um pouco otimista. Pois dependendo da região do país, a média sobe para 47%. Daí sofre o consumidor final e sofre o empresário que quer exportar ou crescer no mercado interno.

O Brasil por ser um país continental não pode estabelecer como prioridade para receber investimentos, apenas um modal. O que se tem feito para mudar isso é muito pouco para o tamanho do problema que é gerado e que tem efeito cascata nesta cadeia e noutras por conseqüência.

Há a necessidade de pensarmos de forma cooperativa para conseguirmos mudar essa realidade. A iniciativa privada e o executivo precisam estabelecer um pacto para efetivar ações a curto, médio e longo prazos em caráter de urgência. Mas a visão no futuro terá que ser coletiva e cooperativa, caso contrário, continuaremos no mesmo lugar.