Edição Especial - Nº 037

Prezado LEITOR,
Aos sábados o i-press.biz Economia & Mercado publica uma Edição Especial no formato grande reportagem, tratando de temas atuais e de repercussão nacional e internacional.


Um abraço e boa leitura,
Equipe i-press.biz
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Diário de bordo
O caminho das pedras desenham Pinto Bandeira na Serra gaúcha
A colonização italiana criou laços profundos com a região introduzindo uma nova cultura, tradições e criando uma nova paisagem

Kátya Desessards*

Existem lugares que parecem nunca nos cansar. No Rio Grande do Sul, a Serra é um desses paraísos. Nos últimos 10 anos creio que já tenha ido mais de 60 vezes e em nenhuma dessas vezes – mesmo que para o mesmo lugar – senti estar sempre vendo algo novo. Um detalhe dos morros verdes, uma árvore que não tinha notado; uma pontezinha que nunca tinha reparado ou a arquitetura pitoresca das pequenas cidades ao longo do percurso – de Porto Alegre às grandes cidades serranas.
Desta vez, estou indo rumo ao que antes era o interior de Bento Gonçalves – Pinto Bandeira, 138 km distante da capital gaúcha. Sua história começou em 1876 com a chegada dos primeiros agricultores italianos. Um lugar charmoso, com cara de interior do interior. Com casas ainda mais simples, de madeira ou de pedra. É nesta região que nasceu toda a história da colonização italiana na Serra gaúcha. Apesar de haver certa divergência quanto a isso, o certo é que os documentos da época indicam para esta versão. Fato é que em 1880 já possuíam uma produção de vinho considerável e de outros derivados da uva. Por mais que se fale dessa verdadeira saga italiana no interior do Rio Grande do Sul, parece, ainda, pouco e sempre se descobre nuances e ‘causos’ que não conhecemos. Estes italianos tiveram a coragem de impor sua própria cultura e costumes e conseguiram redesenhar toda a paisagem local.


AS ORIGENS
Os primeiros imigrantes que se estabeleceram em Pinto Bandeira chegaram em 1876. Até 05 de Maio de 1902, a localidade chamava-se Silva Pinto. A Paróquia de Nossa Senhora da Pompeia só foi criada em 1922, através da iniciativa de um padre, fazendo com que o local passe a se chamar distrito de Nova Pompeia. Em 1938, o nome muda novamente, desta vez para Pinto Bandeira. Esta denominação perdura até hoje.
Para se chegar a Pinto Bandeira, saindo de Bento Gonçalves, se faz um trecho de 13,5 km de descida e subida por uma estrada estreita e sinuosa, mas bem conservada. Dá quase para tocar a vegetação com as mãos. Os tons de verde são intensos e o que mais chama atenção é um brilho perolado de alguns verdes... mesmo num dia nublado e chuvoso como desta vez.
O caminho das Pedras é o início oficial de Pinto Bandeira que possui uma área total de 81,38 km² e está gravado em dois municípios, 91% em Bento Gonçalves e 9% em Farroupilha. Costeado por pequenas propriedades vinícolas familiares, casas antigas, podemos avistar grupos de ovelhas e de vacas quase como uma pintura de artistas portugueses e italianos do século 19 que retratavam o interior cotidiano de seus países. É neste lugar que conseguimos sentir aquela sensação de estar no interior da Europa, num cenário bucólico.


SEM COMANDO
Pinto Bandeira vive hoje uma crise de identidade. O movimento pró-emancipação de Pinto Bandeira é iniciado em 18 de abril de 1994. Em 16 de abril de 1996, através da Lei n.º 10749, o então governador do estado do RS, Antônio Britto, cria o município de Pinto Bandeira. A partir daí, durante 14 anos, foi um município. A primeira eleição para prefeito e vereadores acontece em 1 de outubro de 2000, e em 1 de janeiro de 2001 se dá a instalação do município. Por causa de uma liminar, em 2003, Pinto Bandeira perde o status de município. A população se uniu e conseguiu reverter a situação, o STF - Supremo Tribunal Federal - determinou definitivamente, que Pinto Bandeira é um município, em 12 de julho de 2010. Por causa dessas idas e vindas, hoje a cidade está sem chefe do executivo municipal. E agora espera o pleito municipal de 2012 para eleger seu novo prefeito. Para a alegria dos turistas, Pinto Bandeira voltará a receber investimentos, estadual e federal, com o novo executivo, o que será de grande importância para o incremento turístico desta parte da Serra Gaúcha.


UMA VIAGEM SEM IGUAL
Quando conversamos com os moradores de Pinto Bandeira, a primeira surpresa vem ao saber que é neste município que se produz 60% do kiwi, pêssego e outras frutas cultivadas no RS. Pensava, assim como grande parte das pessoas, que os vinhedos dominavam a região. Por certo é esta a sensação... Tudo está muito voltado para o vinho, o espumante, a cultura e as tradições dos derivados da uva.
Na região podemos conhecer seis vinícolas que cultivam suas vinhas, seus vinhos, sucos e espumantes. Aurora, Pompeia, Valmarino, Geisse, Terraças e Don Giovanni. Esta última possui uma pousada primorosa, com sete apartamentos, um restaurante impecável e um atendimento apaixonante.
Fazendo um parênteses... apenas para ressaltar um aspecto de Pinto Bandeira. Os espumantes! Aha... os espumantes... Nesta região, tive a sensação degustativa que eles são mais finos, sensíveis e – extraordinariamente – deliciosos.
E um dos espumantes mais saborosos, delicados e equilibrados que tomei nos últimos 5 anos... foi da Vinícola Don Giovanni. Esta é uma vinícola com uma produção pequena e exclusiva. Os vinhos também surpreendem pela maciez que corre pela garganta.



Don Giovanni
Uma família unida pela uva, vinho e tradição
Era a segunda vez que iria visitar a Vinícola Don Giovanni. Sabia que tinham uma pousada e um restaurante, mas da primeira vez, fui a um evento à noite e não conseguimos conhecer toda a extensão da propriedade. Mas, agora seria diferente, teríamos um dia inteiro para desbravar cada cantinho.
A expectativa era grande, pois havia acessado o site da vinícola. Chegando, fomos recebidos de imediato pela família proprietária. O dia chuvoso não tirou o brilho da visita. Já havia capas de chuva e um apetrecho curioso... Dona Beatriz Dreher Giovannini - a matriarca da família - nos entregou sacos plásticos... sim... aqueles mesmos de supermercado, para colocarmos nos pés. Literalmente, com os pés ensacados, somos caminhando até o meio da propriedade, onde os vinhedos nos rodeavam. Subimos numa antiga caixa d’agua desativada, que agora servia como um mirante de 360° de vista dos vinhedos desenhados no horizonte por morros, deixando desnuda a geografia recortada e europeia de Pinto Bandeira.
Neste momento a chuva deu uma trégua. O sol dava ensaios, indo e vindo por entre as nuvens. No mirante, fomos recebidos com um espumante rose de sabor delicado e macio, indiscutível o melhor que já havia bebido nos últimos 5 anos. O patriarca, seu Ayrton Luiz Giovannini, contava a história da família, do início, das dificuldades. Seu Ayrton falava e, em alguns momentos, parecia que entrava num tipo de transe, pois ele sorria com os olhos, era contagiante o tom de satisfação que todos, inclusive dos funcionários, em nos receber, em mostrar o seu melhor e ao falar também, dos erros e acertos e dos planos para o futuro.
Um dos filhos, creio que o mais novo, já mostra gosto pelo negócio da família, trabalhando “feito louco”, como disse. “Às vezes passo dias sem ver o meu pai. Mesmo morando na mesma casa e trabalhando na mesma empresa. É um trabalho de conquistas todos os dias”, salientou.
Descemos do mirante e fomos indo de volta a parte principal por um outro caminho, havia uma plantação de alcachofras... ingrediente de um dos pratos principais do restaurante personalizado da vinícola. Invenção de Dona Norma, mãe de Dona Beatriz, para se diferenciar do cardápio italiano tradicional da regional. Realmente foi uma grande ideia as alcachofras são deliciosas... e os demais pratos também. Tudo na medida, sem exageros.
Ainda no caminho de volta, paramos no que eles chamam de ‘casota’. Era uma antiga estrebaria da propriedade que também criava ovelhas e gado leiteiro. “Eu tinha reformado para ser o meu estúdio de criação, mas ficou tão bom e aconchegante que todos me convenceram a deixar como mais uma opção de pouso para os clientes”, contou Dona Beatriz, que é artista plástica e possuía uma galeria de arte em Bento Gonçalves.
Chegando a casa principal, entramos numa sala preparada para uma verdadeira aula de enologia. Tudo estava impecável. Cada copo, uma pequena degustação de queijos e salames para quebrar os gostos e preparar o apetite para o almoço.
Seu Ayrton, ainda mantinha o mesmo pique... o que invejei. Estava um pouco cansada, mas a vibração de todos era confortante. O mais interessante foi que o grupo de jornalistas estava em harmonia; a conversa fluía mais natural do que o convencional. Tem dias que o universo conjuga apenas energias positivas, realmente...


PROCEDÊNCIA RECONHECIDA
As vinícolas que produzem em Pinto Bandeira possuem hoje um selo de procedência, de origem. Uma luta antiga destes empresários que criaram a Asprovinho para conseguirem ter força política e reivindicar melhores condições de comercialização para o produto nacional. “Com a certificação, todo o processo e os padrões de qualidade estão assegurados e devidamente registrados”, explica seu Ayrton.
O espumante Don Giovanni 12 meses, que experimentamos, e é uma delícia, já circula no mercado com a rotulação do novo selo de procedência. “Foi em outubro que o lançamento oficial do selo aconteceu, finalmente”, ressaltou o emresário.
Um dos filões que a vinícola atua é na produção de rótulos personalizados. Em Brasília, se pode tomar os espumantes Don Giovanni nos badalados restaurantes Zuu e Beer Fass, um feliz ‘casamento’, um os cardápios arrojados dos dois. “Precisamos unir o setor para conseguirmos colocar o produto nacional na mesa dos brasileiros. Hoje, por causa dos acordos internacionais do governo federal, os vinhos e espumantes importados entram no Brasil a preços que comprometem nossa competitividade”, reclama o empresário Ayrton Giovannini.
É justa a reivindicação. O governo brasileiro vem nos últimos 15 anos, fazendo barganha comercial com o produto vitivinícola. Como a carga tributária nacional é pesada, representa 35% do valor final do produto, e se manter competitivo é uma mágica. Se acoplarmos ainda, os custos trabalhistas e de investimentos contínuos em manejo das vinhas e em tecnologias de produção, o lucro fica bastante estrangulado. Por isso, que as pequenas vinícolas buscam diversificar as suas atividades para manter o nível de qualidade dos seus produtos de vocação.
Os premiados espumantes brasileiros em concursos internacionais poderiam estar melhores colocados no mercado doméstico, mas, ainda o governo federal não acordou para a importância social deste setor que funciona 70% nas mãos de pequenas propriedades familiares, que produzem a uva da nossa mesa e dos nossos vinhos e espumantes. São milhares de famílias brasileiras que vivem da cadeia da uva e do vinho, mas o governo insiste em barganhar acordos que tornam o produto nacional caro e quase inacessível para grande parte da população.


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SERVIÇO


A Vinícola Don Giovanni possui uma série de serviços, sugestões para presentes, uma linha de vinhos finos e espumantes primorosos que podem ser comprados na loja da vinícola. Além dos restaurante que atende aos hóspedes da pousada e a reservas para grupos fechados. Conheça mais desse pedacinho do céu no http://www.dongiovanni.com.br/




Endereço
VRS 805 - Linha Amadeu (28) - Km 12
Pinto Bandeira - Bento Gonçalves – RS

Contatos
Fone: + 55 (54) 3455.6293 + 55 (54) 3455.6293 3455.6294 CP: 552
Pousada - pousada@dongiovanni.com.br
Reservas - reservas@dongiovanni.com.br
Varejo - varejo@dongiovanni.com.br
Fincanceiro - financeiro@dongiovanni.com.br
Comercial - comercial@dongiovanni.com.br

Produtos
Chardonnay
Espumante Moscatel
Espumante Nature
Espumante Brut
Esp. Prosecco Stravaganzza
Espumante Brut Rose
Espumante Brut Stravaganzza
Esp. Brut Série Ouro 30 meses
Vinho Rosé
Cabernet Franc
Merlot
Cabernet Sauvignon
Tannat
Cuvée Don Giovanni
Brandy 12 Anos

Horário de visitação, degustação e varejo
Diariamente - 9h às 11h30min - 13h às 16h
Sábados, Domingos e Feriados - 9h às 16h






* (A diretora-executiva do i-press.biz, a jornalista Kátya Desessards, viajou a convite da Vinícola Don Giovanni. O evento foi organizado pela Leed Comunicação, assessoria de imprensa da vinícola)






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