Nossas obras logo vão terminar!

Prezado Leitor,

Estamos desenvolvendo a implantação do novo layout do nosso site, por esse motivo estaremos fora do ar por algum tempo. Contamos com a compreensão de vocês e a paciência para não nos deixar.

Neste interim, estaremos disponibilizando artigos e matérias especiais.

Equipe i-Press.biz

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A lastimável decisão do STF

Kátya Desessards, editora-chefe (e jornalista diplomada)

O Supremo Tribunal Federal não tem a dimensão do erro histórico que cometeu quando votou para retirar a obrigatoriedade de diploma para o exercício do jornalismo. Além de uma decisão equivocada os desmenbramentos serão devastadores para toda a sociedade, que estará a mercê - a apartir de agora - de uma imprensa que ficará enfraquecida e sem um código de ética. Uma profissão tão importante como esta não ode ficar sem regulamentação e precisa estar respaldada por profissionais diplomados. Conhecimento e técnica, se adquire com estudo e não por osmose.

Articulista e colunista podem sim serem exercidos por qualquer profissional ou técnico das diversas áreas, pois esta ação diz respeito apenas ao exercício de apresentar, mostrar, dar conhecimento da opinião pessoal. E isso não é jornalismo, é opinião.

O jornalismo é informar a sociedade dos fatos sem ter como ponto de partida a opinião pessoal, mas sim os fatos reais.

Jornalismo é debater, mas sem apoiar indiscriminadamente um lado apenas. É mostrar todos os lados da notícia.

Por esses motivos que o argumento de muitos empresários do mercado da comunicação não se sustenta na defesa do exercício do jornalismo sem diploma. Continuem contratanto colunistas técnicos, mas não marginalizem a imprensa, o jornalismo.

O mosaico que irá se apresentar, caso esse quadro se mantenha (sem diploma), será uma perda gradual da credibilidade e a inserção de práticas pouco confiáveis. Apesar dos veículos negarem que isso acontecerá, é inevitável que ocorra.

Outras profissões de peso também estarão a mercê a partir de agora. A prova da OAB já está sendo questionada. E isso é natural, pois a queda do diploma dos jornalista cria uma jurisprudência tão devastadoras, que nem ao menos o próprio judiciário tem a noção do buraco-negro que criou.

Está aberta uma brecha jurídica. É preciso reverter rápidamente isso. O Congresso Nacional (Deputados federais e senadores), precisam olhar com muito cuidado essa questão e votar a reversão dessa lastimável decisão equivocada do STF.

O principal argumento apresentado pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, para votar pela eliminação do diploma dos jornalista é - no mínimo - um alerta de que os ministros do Supremo não tem a menor idéia do que votarão. Gilmer Mendes afirmou que um exemplo de profissional ícone sem diploma era o jornalista Caco Barcelos. Essa informação dada pelo ministro reforça - justamente - a importancia do diploma. Os 'leigos' no jornalismo - normalmente - não chegam as informações e a veracidade de suas fontes. Um jornalista sim.

Primeiro: O jornalista Caco Barcelos é DIPLOMADO SIM, formado pela PUC-RS.

Segundo: Quem foi a fonte que deu esta 'barrigada' no ministro?

Terceiro: Jamais uma afirmação deve ser dita sem uma checagem minusiosa de sua veracidade!

A sociedade deve defender o diploma para manter a imprensa ética e profissional.


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Receita do bolo que embatumou...

Ingredientes
Quando olhei meu diploma na manhã do dia 18 de junho, chorei. Lembrei que também chorei quando fui buscá-lo no dia da minha formatura. Dois momentos antagônicos que se chocaram por força da esdrúxula decisão dos senhores ministro do Supremo. Não escolhi fazer jornalismo porque tinha um diploma para pegar no final. Minhas motivações foram outras. Junto com elas, uma boa dose de ideologias juvenis – que se aperfeiçoam, mas não morrem.
Três dias depois da decisão do STJ, muita discussão, muitos blogs, muitas charges, reeditei a incredulidade que me tomou naquele momento. São estas as minhas reflexões.

Vamos colocar a farinha:
Quem deve, teme sim. E deve temer ainda mais quando existe um conjunto de profissionais preparados para remover montanhas. Por isso, melhor sem faculdade, sem diploma, sem academia. Que dependam das benesses de quem pode indicá-los para o mercado. Desta forma, ficarão atrelados ao bem feitor (geralmente também com poder e que se verá protegido) sem chance de exercerem livremente o poder de investigar e publicar.

Agora o leite:
Falemos em reserva de mercado? Que seja, oras. Mas pergunto, qualquer profissão que perde o poder de categoria tem força para o quê? O nosso sindicado, dos jornalistas, ainda representará uma categoria, agora pulverizada sem mais exigência para exercer a profissão de jornalista? Quem negociará pisos e reajustes? Se já eram ruins, ficarão como? Qual será a regra – objetiva, não ao contrário – para estabelecer o justo critério? Viraremos um ‘bando de puxa sacos’ para garantir reconhecimento, já todos sabem que, frequentemente, nem talento, nem esforço, são parâmetros claros, ou mesmo justos? Vejo o império dos assédios chegando, já que os patronais se livraram sindicatos que os atormentam.

Não podem faltar os ovos:
Defendo ferrenhamente a possibilidade de as pessoas se manifestarem, e principalmente, de fazerem isso livremente. Ta ai a Internet, a qual dedico meus estudos de mestrado. A saúde do sistema social depende de pessoas se manifestam, discutem, trocam informações – a tal da esfera pública atuante da qual tanto se fala. Mas, não ter diploma não garante ou melhora o acesso ao mercado de trabalho. Entendo e aceito bem o argumento de que a dependência do diploma para exercer a profissão é uma maneira elitista de se chegar ao mercado de trabalho. Mas, o caminho para se mudar isso não passa pela extinção da comprovação material de término de um curso superior. Muito pelo contrário, caminha pela defesa de mais vagas em universidades públicas, mais dinheiro público investido na qualificação do ensino e pelo incentivo a pesquisa para que se possa discutir questões substanciais. Por mais talento que o cidadão tenha, sem conhecimento, o resultado pode ser trágico.

Bata bem:
Ao alegar estar acabando com um produto da ditadura (a exigência do diploma para exercer a profissão), o senhor relator Ministro Marco Gilmar Mendes, promoveu, na verdade, uma espécie de revanche aos jornalistas deste País. Bem ao tipo: Me ferraram, agora eu ferro vocês. Não achemos que ele "esqueceu" a repercussão negativa (e com razão) do prende-solta travado com Polícia Federal. "No dia 9 de julho, menos de 24 horas após a prisão, o presidente do STF, Gilmar Mendes, decidiu pela liberação do empresário Daniel Dantas, de Verônica Dantas (irmã e parceira de negócios), e de mais nove pessoas presas na terça durante a Operação Satiagraha da Polícia Federal." Isso não se esquece né! E tem mais, muito mais. Lamentável.

Voltado ao diploma, concluo que sim, foi pessoal. Somos dispensáveis quando não há interesse em se dizer o que precisa e deve ser dito. Tanto é que a bárbara comparação com a culinária se explica: para quê usar de um argumento mais bem acabado se quem tem o "rabo preso" conhece o peso de uma matéria investigativa e nunca desaprovaria uma medida que enfraquece o provável denunciante.

Pode colocar no forno:
Tomo a liberdade de reproduzir parte do artigo "Muito além do diploma", do colega jornalista diplomado Muniz Sodré. "A sociedade contemporânea precisa, mais do que nunca, do jornalista. Talvez seja necessário redefinir a sua identidade. E esta exigência aponta para um tipo de "agente mediador" a quem se confie a tarefa de guia no cipoal das informações. Acreditamos que tal guia não surja espontaneamente apenas da própria informação, mas dela juntamente com a formação escolar".

*(Gisele Ortolan, jornalista diplomada e mestranda em Ciência Política)

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Emoção na manifestação de centenas de pessoas contra a extinção do diploma

Mais de 400 jornalistas, estudantes, professores, representantes de movimentos sociais e parlamentares protestaram nesta quarta-feira, 24 de junho, no Centro de Porto Alegre, contra a extinção do diploma para exercício do Jornalismo, promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ato, que se iniciou ao meio-dia, ficaria restrito à Esquina Democrática, mas tomou novas proporções. Transformou-se em marcha pela Rua da Praia e nova manifestação em frente à redação do jornal Correio do Povo. Depois de nova caminhada, os manifestantes foram ao Palácio da Justiça e à Assembléia Legislativa, onde receberam o apoio do presidente da casa, deputado Ivar Pavan.

Durante os atos, movidos pela emoção, foram exibidas dezenas de faixas com críticas à decisão tomada pelo STF no dia 17 de junho, 'pirulitos' com imagens demonizadas dos oito ministros que votaram contra o diploma - Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello - e apitos, narizes de palhaço, panelas e colheres. Algumas pessoas se vestiram com aventais e chapéu, em alusão ao comentário de Gilmar Mendes, presidente do STF, que comparou a profissão de jornalista à atividade de cozinheiro. As palavras de ordem, como 'STF não vale nada! Jornalista sem diploma é palhaçada!' e 'População, preste atenção! Querem roubar teu direito à informação!', chamavam a atenção para o golpe desferido pelo Supremo, que atinge toda a sociedade. Populares aplaudiram e apoiaram a manifestação em todos os momentos.

Na Esquina Democrática, aconteceram as manifestações de dirigentes, estudantes e políticos. Para o vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, Celso Schröder, a manifestação é uma prova de que a união entre jornalistas, estudantes e professores pode modificar a situação da regulamentação profissional via Congresso Nacional. Manifestaram apoio os deputados estaduais Adão Villaverde e Dionilso Marcon, ambos do PT, os vereadores Carlos Todeschini e Sofia Cavedon (PT) e Fernanda Melchionna (PSOL). A secretária de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sônia Santos Viana, alertou que a extinção do diploma de Jornalismo pode ser estendido para outras profissões. Também participaram dos atos o deputado estadual e jornalista Paulo Borges (DEM) e o prefeito de Estância Velha, José Waldir Dilkin. Dirigentes dos sindicatos dos Bancários e do Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul também estivaram nas manifestações.

Em frente ao Correio do Povo, na esquina da Rua da Praia com a Caldas Júnior, os manifestantes sentaram no asfalto e chamaram os colegas que estavam nas janelas do veículo. A maioria aplaudiu, e alguns desceram para participar do ato. No Tribunal de Justiça do Estado, foi feito novo protesto, e as portas foram fechadas.

Na Assembléia Legislativa, a concentração foi realizada no hall de entrada até a chegada do presidente da Casa, Ivar Pavan, que garantiu apoio pessoal a novas manifestações da categoria. Também os deputados Edson Brum (PMDB) e Heitor Schuch (PSB) fizeram questão de apoiar o movimento.

Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, o ato ganhou novas proporções a partir da mobilização dos estudantes, que já tinham inclusive realizado uma importante manifestação na Faculdade de Comunicação (Famecos) da PUCRS, na última sexta-feira. "Este é o grande ganho para o movimento sindical neste momento”, salientou José Maria Rodrigues Nunes, , lembrando que muitos profissionais se engajaram na manifestação. Na avaliação do membro do Núcleo dos Estudantes do Sindicato, Laion Espindula, o protesto ficou acima da expectativa. "Já sentíamos que o pessoal estava agitado, querendo gritar. E efetivamente gritou forte", destacou. Estudantes de Porto Alegre, Santa Maria, Bagé, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Canoas participaram do movimento.

Fonte: Site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS / Fotos: Arfio Mazzei