E-Press.biz Economia & Mercado | Edição 090 | Ano I

Brasil pode ganhar poder com "nova ordem mundial", dizem especialistas
A crise econômica mundial está provocando mudanças profundas na geopolítica e, nesse novo cenário, o Brasil pode assumir um papel de maior destaque, afirmaram especialistas reunidos nessa sexta-feira, em São Paulo. Segundo o historiador Paul Kennedy, da Universidade de Yale, nos EUA, o "momento unipolar" (expressão cunhada pelo analista Charles Krauthammer) surgido após a Guerra Fria, em que os EUA assumiram uma posição de grande poder, dá mostras de estar chegando ao fim. Diretor de Estudos de Segurança Internacional de Yale, Kennedy atraiu atenção mundial no final da década de 80, ao lançar o livro Ascensão e Queda das Grandes Potências, em que discutia o declínio dos EUA. De acordo com o professor, se no aspecto militar os EUA continuam sendo uma grande potência, na área econômica e de finanças o cenário é diferente. "Mesmo antes da crise dos mercados de subprime, já era possível perceber uma mudança de poder, com a crescente influência de outras partes do mundo, como a Ásia", disse Kennedy, um dos palestrantes da conferência "Mudanças na balança de poder global: perspectivas econômicas e geopolíticas", promovida pelo Centro de Estudos Americanos da FAAP e pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso. Segundo Kennedy, a atual crise deve marcar o início de um mundo multipolar, no qual, os países são interdependentes e estão interconectados. "A crise mostrou que o Fed já não pode agir sozinho", disse. "Os países devem trabalhar juntos". Com essa nova realidade, disse Kennedy, ganha cada vez mais importância o chamado "soft power" - termo criado pelo professor de Harvard Joseph Nye, para definir o poder de uma nação de influenciar e persuadir, sem uso de força militar, mas pela diplomacia. Entre os países que poderiam exercer esse tipo de influência, os especialistas citam o Brasil. De acordo com o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, que também participou da conferência, apesar de o Brasil não ter poder militar, tem relevância na área de cooperação econômica e pode exercer o "soft power".
Sobre a China
Nessa nova geografia política e econômica que se desenha, a China tem papel de destaque. Para o especialista em teoria financeira Zhiwu Chen, professor de Finanças em Yale, a China poderá emergir mais forte da crise, em posição de liderança. Chen disse, porém, que o governo chinês não está preparado para assumir essa liderança no cenário internacional. “Não acredito que a ascensão da China, represente uma ameaça para os EUA", afirmou. "Os dois estão interligados. Segundo Chen, com reservas de quase US$ 2 trilhões, a China pode ajudar os países mais atingidos pela crise e também parceiros comerciais importantes, como o Brasil. Chen disse que a crise deverá ter um
forte impacto na economia da China no curto prazo, afetando especialmente o setor de exportações. "No entanto, (a crise) poderá ser também uma grande oportunidade para a China", disse Chen. "Deverá forçar o governo a promover mais reformas fundamentais." O especialista afirmou ainda que, apesar das mudanças provocadas pela crise, "não se deve subestimar a habilidade da economia e da sociedade americana de corrigir erros". "Eles conseguiram sair da Grande Depressão, ainda mais fortes", disse. Algumas mudanças vão acontecer O consenso entre os especialistas que participaram da conferência é de que as relações entre os países não serão as mesmas depois da crise. De acordo com embaixador Sergio Amaral, diretor do Centro de Estudos Americanos da FAAP, meio ambiente, terrorismo e energia serão algumas das preocupações conjuntas do mundo multipolar. Para Amaral, há indícios de "fadiga" do processo de globalização. Além disso, na sua opinião, o mundo depois da crise tende a ser marcado pela "volta da regulação estatal, o fechamento das economias e muros contra a imigração". O diretor de publicações do Centro para o Estudo da Globalização da Universidade de Yale, Nayan Chanda, disse que o mundo atual está baseado em quatro pilares: sistema capitalista, equilíbrio nuclear, manutenção da governança por meio da ONU e o sistema de comércio global. "Os quatro estão abalados", afirmou. De acordo com Chanda, o equilíbrio do poder nuclear foi quebrado com o surgimento de novos países nesse cenário, como Israel, Índia, Paquistão, Coréia do Norte
e, possivelmente, no futuro, Irã. O comércio global também dá sinais de enfraquecimento, principalmente após o fracasso das negociações da Rodada Doha, afirmou Chanda. Ele citou ainda, o aumento do protecionismo e do sentimento contrário aos imigrantes, como aspectos do novo cenário mundial. Nessa nova realidade, Chanda destacou a rapidez com que os países reagiram à crise, a diáspora que faz com que a população mundial tenha se espalhado e pode ser uma barreira contra o nacionalismo, e o papel de destaque das comunicações no sentido de integrar o mundo. (BBC Brasil)

"É uma situação séria", diz Henrique Meirelles sobre crise econômica
"Paremos de fazer piadas a respeito. É uma situação muito, muito séria". A declaração do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ocorreu no sábado, dia 25/10, durante uma palestra a investidores em Miami, quando disse não haver dúvidas sobre a existência de uma crise econômica global. Ao falar sobre a crise, Meirelles citava a preocupação com a turbulência americana, que está "afetando a todos", e continuava a defender que o Brasil está em uma situação favorável no contexto global e tem tido um papel de "estabilizador", junto com outros países emergentes. O banqueiro, entretanto, acredita que, diferentemente de outras épocas, o Brasil hoje está em melhor condição para encarar o problema, devido à estabilização nos últimos anos. Meirelles defendeu a venda de dólares como uma forma "saudável" para prover liquidez da moeda, contudo não falou sobre preocupação com o câmbio.

Mercado vê "parada técnica" da Selic
A possível parada técnica do Banco Central, com manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano, se tornou em poucas semanas, uma espécie de consenso entre economistas dentro e fora do governo. Até a última reunião do Copom - Conselho de Política Monetária -, os economistas do mercado vinham claramente defendendo a elevação da taxa de juros para conter a demanda agregada e as pressões inflacionárias, mas a crise de liquidez que se instalou no País, nas últimas semanas, alterou completamente a situação e as opiniões. "A inflação é importante, mas talvez não seja o problema emergencial em lugar nenhum do mundo e não deve ser aqui no Brasil. No cenário de crise, a inflação
deixa de ser uma questão emergencial, e a própria dinâmica dos preços vai ser afetada pelo desdobramento da crise no Brasil", diz o economista Flávio Castelo Branco, da CNI - Confederação Nacional da Indústria. "O movimento de alta (da Selic) visava a conter a inflação por meio da influência na demanda, no crédito e nas expectativas. Mas essa crise já fez esse serviço", completa o economista José Roberto Mendonça de Barros. No mercado financeiro, inúmeros porta-vozes passaram a adotar nas últimas semanas, posições ou apostas de que a taxa de juros será mantida
inalterada, como já defendiam alguns diretores do BC na última reunião do Copom. O economista-chefe do Santander, Alexandre Schwartsman, é uma exceção. "Ainda não vejo o ciclo de aperto de juros se encerrando", disse na semana passada. Dois temores ainda pesam na avaliação dos analistas de mercado que são contra uma interrupção no aumento dos juros: o de que a desvalorização cambial pressione os preços para cima, mesmo em ambiente de desaceleração econômica, e o de que o BC não tenha mais forças para retomar o movimento de alta, se necessário, durante o governo
Lula. No momento, entretanto, mesmo os defensores da queda da taxa de juros são reticentes em avaliar a eficácia de uma medida dessas. Essa alternativa chegou a ser cogitada nas discussões da equipe econômica como forma de desestimular os bancos a se refugiarem em títulos públicos. Nas últimas semanas, o governo liberou o dinheiro do compulsório retido no Banco Central, mas os bancos resistem em pôr o dinheiro em circulação, preferindo comprar títulos.

Bush pede comprometimento com livre mercado para reunião do G-20
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, começou a esboçar, nesse sábado, a agenda da cúpula econômica destinada a superar a crise financeira e disse que seus participantes devem "voltar a se comprometer" com os princípios do livre mercado. "Ao mesmo tempo em que nos concentramos em nossos desafios de curto prazo, nossos países também devem voltar a prestar atenção nos fundamentos do nosso crescimento econômico de longo prazo - livre-comércio, livre-empresa", disse Bush, em seu pronunciamento semanal por rádio. Bush acrescentou que "as políticas de livre mercado aumentaram os níveis de vida e ajudaram milhões de pessoas no mundo a sair da pobreza". Esses comentários foram feitos depois que a Casa Branca anunciou que líderes dos países mais ricos do mundo e das maiores economias emergentes vão se reunir em Washington, no dia 15/11, em uma cúpula sem precedentes, para tratar da crise financeira global. Em seu discurso de sábado, dia 25/10, o presidente dos EUA disse que, na cúpula, começarão a ser desenvolvidos os princípios de uma reforma para regular as instituições vinculadas ao setor financeiro. Ele reconheceu que "talvez não sejam as mesmas as soluções específicas de cada país", mas advertiu que não será o momento apropriado de rejeitar "métodos comprovados para gerar prosperidade e esperança". Novamente,
Bush voltou a destacar que "a livre-empresa e o livre-comércio demonstraram mais de uma vez que são o caminho mais seguro para criar empregos, aumentar o comércio e fomentar o progresso". (France Presse/AFP, de Washington)

O jogo acabou para a Argentina
A proposta do governo argentino de estatizar os fundos de aposentadoria causou alvoroço financeiro, tanto no próprio país como no mercado de valores de Madri. As principais empresas afetadas são de origem espanhola. Por outro lado, periódicos como "La Nación" documentam longa série de episódios semelhantes durante a história argentina. Stefan Engelsberger representa há anos um grupo de alemães que tenta cobrar do governo argentino, a restituição de seus investimentos no país. Em entrevista à DW-WORLD.DE, ele avaliou o projeto de lei para estatizar o sistema privado de aposentaria naquele país latino-americano. (Deutsche Welle, da Alemanha)

Turismo cresce no Brasil apesar da crise, diz presidente do Embratur
A receita acumulada do turismo no Brasil até setembro é 20% superior à de igual período do ano passado. Para a presidente do Embratur - Instituto Brasileiro de Turismo -, Jeanine Pires, o número é muito expressivo porque o Brasil está geograficamente longe de destinos que são preferidos pelos turistas, como EUA e Europa. Quinta-feira, 23/10, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, anunciou a prévia do fluxo cambial do País (entrada e saída de moeda estrangeira) do país no mês de outubro, que mostra gasto de R$ 357 milhões em turismo no País. A previsão é de que em 2008 o crescimento de gastos de estrangeiros no país seja de 15% a 16%
maior que em 2007. Com a crise econômica, a diminuição de brasileiros a viajar para o exterior fortalece o mercado interno, ou seja, os brasileiros viajam mais dentro do Brasil porque estão pagando as despesas na sua própria moeda. Para Jeanine, isso significa que as pessoas que tinham dúvida quanto ao destino da viagem deverão ficar no Brasil. Em entrevista na sexta-feira, 24/10, à Rádio Nacional, Jeanine afirmou que o sistema turístico do País melhorou muito. "Profissionalizou-se a maneira de receber as pessoas, a oferta de produtos e a própria infra-estrutura para que se possa conhecer as cidades, melhorou. Podemos dizer que o turismo brasileiro está muito mais profissional e hoje coloca o Brasil entre os principais destinos internacionais". "O grande desafio do Brasil é fazer-se conhecer e sobre tudo, mostrar-se um país moderno, que tem capacidade de receber um visitante a passeio ou a negócio. Um país que permite na mesma viagem a realização de diversas experiências diferentes, seja na praia, ecoturismo, compra ou cultura".

Mais duas construtoras reduzem planos de lançamento para o ano
Em mais um sinal de desaceleração no ramo da construção civil, mais duas empresas do setor, a CCDI - Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário - e a CR2 revisaram para baixo suas previsões de lançamentos para esse ano. A CCDI reduziu de R$ 2 bilhões para R$ 1,3 bilhão a estimativa do valor dos empreendimentos a lançar em 2008 - um decréscimo de 35%. A CR2 apresentou uma revisão em seu "guidance" de R$ 1,2 bilhão - para R$ 500 milhões, uma redução de 58%. Até agora, ao menos nove empresas rebaixaram suas projeções de lançamentos, segundo o Banif Securities. "O mundo agora está se desacelerando. Precisamos nos posicionar conforme a situação econômica", afirma
o diretor financeiro da CR2, Rogério Furtado, para quem as medidas anunciadas pelo governo para estimular a construção civil são "acertadas", mas não têm efeito garantido. Na quinta-feira, dia 23/10, o diretor do Departamento da Indústria da Construção da Fiesp, José Carlos de Oliveira Lima, reuniu-se com o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, para discutir novas medidas que possam minimizar os efeitos da crise internacional no setor.

Aracruz negocia com 13 bancos
A Aracruz se reuniu na sexta-feira à tarde, dia 24/10, com representantes das 13 instituições financeiras com as quais a companhia tem contratos de instrumentos financeiros com exposição cambial superior a US$ 6 bilhões. O objetivo da reunião era ter uma conclusão sobre a situação em que se encontra devido a esses papéis. A empresa tenta um acordo para alongar os prazos de liquidação dos contratos, o que pode ser fechado em "algumas semanas". Maior companhia de papel e celulose do país, a Aracruz fez operações de derivativos para proteção contra a desvalorização do dólar nos últimos anos no Brasil. Como tem receita em dólar obtida com exportações e custos em
reais, as operações funcionariam como uma defesa para a oscilação cambial. Porém, o tamanho das operações superou a necessidade da companhia e não oferecia qualquer proteção contra a desvalorização do real, como ocorre agora. O prejuízo da empresa mensurado por uma consultoria foi de R$ 1,95 bilhão, até o dia 30 de setembro, mas essa cifra tem efeito apenas contábil - aumenta ou diminui ao sabor da taxa cambial. Por outro lado, a empresa tem alguma vantagem com a desvalorização do real, já que sua atividade é essencialmente exportadora. A Aracruz não é a única
empresa que teve prejuízo em operações com derivativos cambiais após a desvalorização do real, ao longo do último mês. Além dela, Sadia e Votorantim também divulgaram perdas, e o governo federal estima que entre 200 e 250 empresas se encontram, em maior ou menor grau, na mesma situação. (Folha Online)

Volvo e Scania já sentem os efeitos da crise
As montadoras de peso pesado da Suécia, Volvo e Scania, que no primeiro semestre apresentavam resultados invejáveis, vêem seu futuro com nuvens sob o efeito da desaceleração na Europa, fenômeno acentuado pela crise financeira internacional. Mais preocupante: as encomendas feitas aos dois grupos caíram fortemente, e a Volvo já trabalha com um percentual negativo (-55%). A Volvo, número dois mundial, anunciou, na sexta-feira, dia 24/10, um lucro em queda de 36,5% no terceiro trimestre, 2 bilhões de coroas suecas (201,2 milhões de euros). "Constatamos um desaquecimento real e brutal, francamente, o mais brutal que jamais vimos", comentou o diretor-geral do grupo, Leif
Johansson, durante entrevista à imprensa. Segundo ele, após um primeiro e segundo trimestres marcados por vendas e benefícios recordes, o crescimento das vendas se desacelerou "muito mais rapidamente que o previsto". Por sua vez, a Scania, número 5 mundial, registrou um lucro de 1,818 bilhão de coroas (182 milhões de euros), em alta no ano de 3,6%, com uma cifra de negócios de 20,43 bilhões de coroas (2,04 bilhões de euros), também em alta de 2,6%. Mas como a compatriota, as encomendas caíram 41%. Na Europa Ocidental, seu mercado histórico, elas declinam, mesmo,
69%. Na Europa Central e do Leste, que registraram recentemente um grande potencial de crescimento, elas recuam 45%. "Devido à incerteza (...), os clientes na Europa tornam-se muito prudentes", explicou o diretor do grupo, Leif Stling. Nessas condições, os dois grupos se disseram incapacitados de fazer previsões para 2009.
(France Presse, de Estocolmo)

Peugeot-Citroën faz alerta de lucro e reduz produção
A montadora francesa Peugeot-Citroën emitiu um alerta de lucro sobre seus resultados em 2008, em razão das dificuldades do mercado automotivo europeu e afirmou que vai reduzir a produção em 30% na Europa, no último trimestre desse ano, para diminuir seus estoques. A companhia afirmou que agora espera ter margem operacional de "cerca de 1,3%" nesse ano, em comparação com sua estimativa anterior de 3,5%. Na sexta-feira, às 8h44min (horário de Brasília), as ações da Peugeot caíam 11,60%, para 15,82 euros, na Bolsa de Paris. A segunda maior fabricante de carros da Europa disse que, tendo em vista uma queda esperada de 17% nas vendas de carros na Europa no quarto
trimestre do ano, agora a empresa projeta vendas cerca de 3,5% menores nesse ano, em relação ao volume de 2007. Em meados desse ano, a Peugeot-Citroën ainda estava confiante em obter aumento de 5% nas vendas. O executivo-chefe da companhia, Christian Streiff, se recusou a fazer qualquer projeção para 2009. A queda da produção no último trimestre "terá um impacto negativo forte sobre a margem operacional do quarto trimestre", afirmou Streiff, "mas para mim esse é o único caminho para nos prepararmos para entrar em 2009, corretamente". A companhia divulgou um recuo de 5,2% na receita consolidada do terceiro trimestre desse ano, para 13,3 bilhões de euros, maior do que
previam os analistas. "Nós reagimos muito prontamente a essa crise do mercado com medidas excepcionais para cortar a produção, mesmo isso sendo obviamente prejudicial para nossa margem operacional de 2008", afirmou Streiff em um comunicado. A Peugeot-Citroën vai colocar em prática um aumento de preço de 2,5%, anunciado há três meses, para o fim desse ano, de acordo com Isabel Marey-Smeper, diretor-financeiro da montadora. Outras medidas de emergência incluem um congelamento dos planos de expansão da capacidade em todo o mundo, notadamente na China e na América Latina, e diminuição dos gastos com pesquisa e desenvolvimento, disse Streiff. (Agência Dow Jones, de Paris)

Daimler suspenderá produção por cinco semanas
O construtor automobilístico alemão Daimler suspenderá sua produção durante cinco semanas, a partir do dia 11/12, devido à severa retração da demanda, revela o jornal FAZ - Frankfurter Sonntagszeitung. A suspensão irá de 11/12 a 12/01, quando a Daimler não montará qualquer veículo, informa o jornal, que cita um porta-voz do grupo. Do mesmo modo que Volkswagen e BMW, a companhia também reduzirá em massa o número de contratos temporários de trabalho. Primeiro construtor automobilístico de peso a apresentar seu balanço trimestral, a Daimler anunciou na
quinta-feira, uma queda brutal em seus lucros e resultados abaixo do previsto devido à crise financeira. "A crise financeira se transforma em crise econômica", provocando "uma queda dramática em alguns de nossos principais mercados", disse o presidente da Daimler, Dieter Zetsche. (France Presse/AFP, de Berlim)

Renault fecha 2 fábricas na França por duas semanas
A montadora francesa Renault informou que planeja interromper a produção em duas de suas fábricas na França por 15 dias, a partir da próxima semana. Os fechamentos estão em linha com a estratégia da companhia de evitar o acúmulo de estoques, gerado pela dramática redução das vendas de carros na Europa nas últimas semanas - e que deverá continuar em 2009. Na sexta-feria, dia 24/10, às 8h04min (horário de Brasília), as ações da empresa caíam 15,97%, para 21,33 euros, na Bolsa de Paris. O fechamento temporário de outras unidades na próxima semana na França, assim como em outros lugares na Europa, também é "possível", de acordo com uma porta-voz da companhia. As duas fábricas que serão fechadas ficam em Flins, a oeste de Paris, e em Douai, no norte do país. Na quinta-feira à noite, dia 23/10, a Renault emitiu um alerta de lucro para 2008, em razão do enfraquecimento expressivo dos mercados europeus no segundo semestre desse ano. A montadora prevê que as vendas de automóveis na Europa registrem queda de 8% em 2008, ante 2007, e revisou para entre 2,5% e 3%, a estimativa para sua margem operacional nesse ano. A estimativa anterior era de 4,5%. Também na quinta-feira, o diretor-operacional da empresa, Patrick Pelata, havia firmado que a empresa iria cortar a produção em quase 20% no segundo semestre desse ano. (Agência Dow Jones, de Paris)

Equador vai processar Odebrecht por fraude
O Equador está iniciando processos civis e criminais por "fraude" contra a construtora brasileira Odebrecht, revelou nesse sábado o presidente Rafael Correa, que há um mês expulsou a empresa brasileira do país. A Odebrecht, alvo da ira de Correa, após a paralisação das atividades da central hidrelétrica de San Francisco, em junho passado, um ano depois de ser entregue pela construtora brasileira, é acusada agora pelo presidente de "fraudar o país na crença de que iria nos enganar". Correa negou que esteja "politizando" o tema. "Vamos demonstrar as mentiras puras nos processos civis e penais" e provar a "fraude que a Odebrecht fez no país". Rafael Correa afirmou que a Odebrecht está pressionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que "fique contra o Equador, quando não é um problema de Estado para Estado, mas sim uma questão Estado-empresa privada, uma empresa privada corrupta e corruptora". O presidente equatoriano expulsou por decreto a Odebrecht e a reguladora brasileira Furnas, revogando ao mesmo tempo os contratos que havia assinado com a construtora de cerca de 800 milhões de dólares. (France Presse/AFP, de Quito)

Samsung anuncia queda de 44% do lucro trimestral
O grupo sul-coreano Samsung Electronics anunciou, na sexta-feira, dia 24/10, uma queda de 44% do lucro líquido no terceiro trimestre de 2008, em um contexto de desaceleração econômica mundial. O lucro líquido caiu a US$ 870 milhões entre julho e setembro, diante de US$ 1,551 bilhão de no mesmo período de 2007. "A alta dos custos e a desaceleração mundial estão por trás dessa queda e se espera um período ainda mais difícil nos próximos meses", indicou Chi Woo-sik, um diretor da Samsung. O volume de negócios progrediu 15,4%, a US$ 13,2 bilhões. Segundo a fabricante mundial de celulares, foram vendidos 51,8 milhões de aparelhos no terceiro trimestre, em comparação com os 45,7 milhões, no segundo trimestre. O grupo conta com 150.000 empregados em 62 países. (France Presse, de Seul)

Bunge cresce no 3° trimestre, mas lucro líquido da empresa cai
A americana Bunge Limited, com sede em White Plains, Nova York, caminha para fechar o exercício 2008, com os melhores resultados globais de sua história. Apesar de um terceiro trimestre de lucros menores, o balanço dos primeiros nove meses do ano, ainda aponta forte crescimento de receitas e ganhos, além de uma posição líquida "confortável", de acordo com o principal executivo do grupo, o brasileiro Alberto Weisser. Ao divulgar na quinta-feira, os resultados obtidos pela Bunge entre julho e setembro, o "chairman" e CEO, reconheceu que esse foi um intervalo particularmente "volátil" nos setores de agronegócios e alimentos, e que as condições atuais (referência ao quarto trimestre) nesses mercados, são "claramente diferentes" do "extraordinário" cenário do primeiro semestre, quando a Bunge praticamente garantiu os recordes esperados para o atual exercício. E as
incertezas quanto à saúde financeira mundial e a intensidade da desaceleração econômica em diversos países, dos EUA aos gigantes emergentes, já cobraram seu preço. No terceiro trimestre, a receita líquida global do grupo aumentou 52% em relação ao mesmo período de 2007 e alcançou US$ 14,797 bilhões, mas o lucro líquido recuou 33% na comparação, para US$ 234 milhões. Ainda assim, o conglomerado passou a acumular, de janeiro a setembro, um aumento de 139% - para US$ 1,274 bilhão - em seu lucro líquido global em relação aos nove primeiros meses do ano passado. Já a receita líquida acumulada registrou incremento de 64% e chegou a US$ 41,631 bilhões. Apesar de os resultados obtidos no Brasil não terem sido detalhados, o País foi, mais uma vez, o grande destaque individual nos comentários de Weisser sobre os resultados publicados. Em parte porque a forte retração das vendas de fertilizantes no País desde setembro preocupa, e em parte pela forte oscilação do real em relação ao dólar americano. Weisser admitiu que a divisão de "agribusiness" da Bunge registrou perdas em moeda estrangeira da ordem de US$ 192 milhões no terceiro trimestre, e que essas perdas foram oriundas principalmente de operações financeiras da subsidiária brasileira. No
país, os negócios da divisão estão reunidos na Bunge Alimentos, que, entre outras atividades, é responsável pelos negócios com grãos e produtos de consumo como óleos e margarinas.


Makro investe R$ 240 milhões em expansão em 2009
O Makro, maior atacadista brasileiro com foco no mercado profissional, completa 36 anos de atuação no País acelerando seu ritmo de expansão. Em 2008, a empresa está investindo R$ 200 milhões em expansão, com a abertura de oito novas lojas (chegando a um total de 65), além de restaurantes e postos de combustíveis. Em 2009, serão aplicados mais R$ 240 milhões no crescimento da empresa. O objetivo do Makro é chegar em 2012 à marca de 100 lojas no mercado brasileiro. A empresa também vem desenvolvendo novas frentes de atuação para alcançar outros clientes: televenda, com foco em não-alimentos como eletrodomésticos e eletrônicos; delivery, para o setor de food service; e contras nacionais, para grandes clientes corporativos. No varejo de combustíveis, a empresa quer ampliar sua rede das atuais 26 unidades para 40 até o final de 2009.

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MERCADOS de Ações & Futuros
(Informações da Dow Jones, Bovespa e Reuters)

RESUMO DA SEMANA – 20 a 24 de outubro
Bovespa fecha em queda de 6,91%; outubro já é o quarto pior mês da Bolsa
A Bovespa - Bolsa de Valores de São Paulo - desceu para o menor nível em três anos, após amargar retração de 20,18% somente nos últimos quatro dias. O temor de uma recessão global fez as Bolsas de Valores desabarem na Ásia, na Europa e nos EUA, principalmente após a notícia de que o Reino Unido ficou mais próximo de cair em uma recessão, palavra cada vez mais corrente em relatórios de bancos e corretoras. Em outro dia tenso, o Banco Central brasileiro voltou a intervir agressivamente no câmbio, vendendo moeda.

Análise 1 - Segundo levantamento da consultoria Economática, outubro de 2008 já registra o quarto pior desempenho mensal - um declínio de 36,45% - da história do Ibovespa, somente atrás das "tragédias" contabilizadas em 1990, 1989 e 1998. Ainda de acordo com a consultoria, a retração acumulada em dez meses (perda de 50,7%), já supera os piores desempenhos anuais registrados desde 1968 (ano de criação do índice Ibovespa).

- O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, despencou 6,91% na sexta-feira, dia 24/10, para os 31.481 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,47 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York desabou 3,59%.

- O dólar comercial foi cotado a R$ 2,327 para venda, em alta de 0,95%.

- A taxa de risco-país marca 646 pontos, número 1,67% abaixo da pontuação anterior. O BC realizou dois leilões de venda de dólares, um logo pela manhã e outro perto do encerramento das operações do câmbio. Além da queima de reservas, a autoridade monetária também ofereceu contratos de "swap" cambial para os agentes financeiros.

Análise 2 - "Tem um sentimento de pânico no mercado. Os investidores estão reagindo de forma exagerada a qualquer notícia ruim que possa surgir, porque a aversão ao risco está muito grande. E não importa que a Bolsa esteja barata, que os fundamentos da economia estejam bons: o investidor não está olhando para isso nesse momento", sintetiza Guilherme Mazzilli Pereira, analista de renda variável da Daycoval Asset Management. "É muito difícil dizer quando isso [as turbulências do mercado] vai acabar. O cenário para a Bolsa ainda está muito negativo. Para começar a recuperação dos mercados, primeiro tem que reduzir a volatilidade. Nesse momento, os investidores vão agir de maneira menos irracional e começar a ver os fundamentos das empresas", acrescenta.

- A ação da mineradora Vale, um dos papéis mais negociados da Bolsa brasileira, contribuiu para segurar as perdas do dia, num pregão em que o índice Ibovespa chegou a registrar queda de 8,96% em seu pior momento. Com negócios de R$ 673 milhões, a ação preferencial da Vale, cedeu 5,36%, em contraste com a derrocada de 10,13% de outro papel bastante influente da Bolsa, a ação preferencial da Petrobras.

- Na quinta-feira à noite, dia 23/10, a mineradora surpreendeu o mercado ao revelar um lucro de R$ 12,4 bilhões no terceiro trimestre, mais que o dobro (167%) do resultado em idêntico período no ano passado. Num sinal do grau de depreciação a que chegaram as ações brasileiras após meses de crise, uma corretora projetou um preço-alvo (projeção em 12 meses) em torno de R$ 70 para a ação que, na sexta-feira passada, foi cotada a R$ 22,05.


Bolsas de NY fecham em baixa com temor de recessão global
As Bolsas americanas fecharam com perdas nessa sexta-feira, puxadas pelos temores cada vez maiores de que a economia global, e não apenas a dos EUA, entrará em recessão. As principais justificativas dos investidores para esse temor foram o mau desempenho do PIB - Produto Interno Bruto - do Reino Unido no terceiro trimestre e resultados corporativos ruins.

- A Nyse (Bolsa de Valores de Nova York) fechou em queda de 2,47%, a 8.476,20 pontos no índice Dow Jones (que chegou a cair mais de 5% na sexta-feira), enquanto o S&P 500 caiu 3,45%, para 876,77 pontos.

- A Bolsa tecnológica Nasdaq encerrou negócios em baixa de 3,23% no indicador Nasdaq Composite, indo para 1.552,03 pontos.

Análise - O temor de uma recessão, que se instalou no mercado financeiro desde setembro do ano passado, com a quebra do banco Lehman Brothers, continua a pesar sobre a confiança dos investidores. E indicadores de que a "economia real" já é afetada pela crise financeira ajudam a aguçar ainda mais a desconfiança. Os resultados corporativos também ajudam no mau humor. A Microsoft, por exemplo, trouxe ganho superior ao esperado pelos analistas no terceiro trimestre, mas admitiu que, as vendas, cairão no próximo ano. Já a Xerox anunciou lucro menor que o esperado para o período. Empresas do ramo minerador, em especial petrolíferas, são outras que ajudam a derrubar os índices em Nova York. No caso deles, o problema é a continuidade da queda dos preços do petróleo.

- Na sexta-feira, os contratos do barril de petróleo para entrega em dezembro na Nymex (New York Mercantile Exchange) recuaram 5,4% em relação à sessão anterior, para fechar a US$ 64,15. Esse é o valor mais baixo desde maio de 2007. Por conta disso, empresas como a Exxon Mobil (-1,92%), Chesapeake (-4,9%) e Alcoa (-5,81%) tiveram fortes perdas - mas menores do que as ADRs (papéis de empresas estrangeiras negociadas nas Bolsas americanas) das ações ordinárias
da Petrobras (-12,62%) e Vale (-8,6%).

- Durante toda sexta-feira contou com novos desdobramentos da crise financeira propriamente dita. O destaque foi à compra do banco National City pelo concorrente PNC, por US$ 5,6 bilhões, que assim se tornou o quinto maior banco dos EUA. Como a compra foi por um preço abaixo do de mercado, as ações do National City despencaram 24,7%.

- O crescimento de 5,5% nas vendas de casas usadas nos EUA em setembro, praticamente não teve efeito sobre os investidores. A NAR - Associação Nacional de Corretores de Imóveis -, na sigla em inglês, informou que o resultado foi o melhor desde julho de 2003.


Bolsas européias fecham em queda com Reino Unido mais perto da recessão
As Bolsas européias fecharam em baixa nessa sexta-feira. O clima de pânico tomou conta dos mercados hoje, da Ásia aos EUA, passando pela Europa, as perdas foram significativas: resultados fracos de empresas e a queda no desempenho da economia britânica desanimaram os investidores. O temor de que a crise financeira em curso esteja empurrando a economia mundial para a recessão tomou conta dos mercados.

- A Bolsa de Londres fechou em baixa de 5%, ficando com 3.883,36 pontos.
- A Bolsa de Paris caiu 3,54%, fechando com 3.193,79 pontos.
- A Bolsa de Amsterdã caiu 4,63%, fechando com 245,92 pontos.
- A Bolsa de Frankfurt teve baixa de 4,96%, fechando com 4.295,67 pontos.
- A Bolsa de Milão teve baixa de 4,96%, fechando com 15.390 pontos.
- A Bolsa de Zurique fechou em baixa de 3,71%, com 5.675,09 pontos.

- O PIB - Produto Interno Bruto - do Reino Unido registrou no terceiro trimestre uma queda de 0,5%, primeira queda em 16 anos. O indicador eleva os temores de que a economia britânica esteja a caminho de uma recessão. Nessa semana, o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, e o presidente do Banco da Inglaterra (BC britânico), Mervyn King, admitiram a possibilidade de uma recessão no Reino Unido.

Análise - O Niesr - Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social - previu nessa semana, que a economia do Reino Unido diminuirá 0,9% em 2009 (o que representaria o primeiro ano completo de recessão desde 1991), com uma queda generalizada do consumo e do investimento. Além disso, a PSA Peugeot-Citroën informou que fará cortes "maciços" de produção para lidar com a forte retração na demanda nos principais mercados europeus. A empresa teve uma queda de 5,2% nas vendas no terceiro trimestre. Além disso, a empresa também prevê um enfraquecimento no desempenho do mercado chinês. As ações da Peugeot caíam 11,2% hoje, na Bolsa de Paris. As ações das rivais Renault, Volkswagen e BMW caíam entre 6% e 12%, com a queda nas vendas da alemã Daimler, anunciadas na quinta-feira, dia 23/10. A Air France-KLM também assustou os investidores, ao anunciar que será "muito difícil" alcançar a meta de 1 bilhão de euros em lucro operacional estabelecida para esse ano. As ações da empresa caíam 7%. Os papéis da rival British Airways caíam 5% e, as da Lufthansa, caíam 6%.

- O pessimismo ofuscou até as boas notícias: na sexta-feira, dia 24/10, a taxa Libor ("London Interbank Offered Rate") para empréstimos de três meses em dólares, registrou ligeira queda nessa sexta-feira, para 3,52%, contra 1,54%. O movimento para baixo dessa taxa sinaliza que a desconfiança entre os bancos aos poucos vai diminuindo, o que pode descongelar os mercados de crédito - embora o temor de recessão global ainda esteja assustando os investidores. A taxa Euribor - "European Interbank Offered Rate" - de empréstimos de três meses em euros, também teve ligeira redução, de 4,921% para 4,918%. A Libor é a referência para cobrança de juros por empréstimos que as maiores instituições bancárias fazem entre si. Por isso, ela é utilizada como base para que os bancos calculem os juros que cobram em outros empréstimos. A Euribor, por sua vez, foi introduzida depois da criação do euro, em 1999.


Bolsas asiáticas encerram em acentuada queda
Os mercados da Ásia tiveram outro dia de pânico. Todas as bolsas regionais fecharam no território negativo pelo terceiro pregão consecutivo. Dessa vez, as influências principais foram o aumento das preocupações sobre a redução do crescimento global e os balanços do terceiro trimestre de grandes empresas, que vieram mais fracos do que a expectativa do mercado. A queda nas ações de peso pesado HSBC, e o anúncio de que o conglomerado Hutchison Whampoa vai reexaminar os planos de novos investimentos, fizeram a Bolsa de Hong Kong fechar abaixo dos 13 mil pontos. O índice Hang Seng perdeu 1.142,11 pontos, ou 8,3%, e terminou aos 12.618,38 pontos.

- Na China, as preocupações com o enfraquecimento da economia do país e as previsões pessimistas sobre os rendimentos das empresas, provocaram vendas de ações no setor imobiliário e financeiro. Por conta disso, a Bolsa de Xangai fechou em baixa pelo quarto pregão seguido. O índice Xangai Composto caiu 1,9% e encerrou aos 1.839,62 pontos. Já o Shenzhen Composto recuou 1,7% e terminou aos 505,82 pontos. Yuan

- A alta nos preços do dólar futuro em relação ao yuan (NDF), revigorou as negociações de arbitragem nas operações de swap. Isso estimulou a demanda pela unidade norte-americana e levou a moeda chinesa a sofrer uma forte desvalorização. No mercado de balcão, o dólar fechou cotado em 6,8433 yuans, acima do fechamento de quinta-feira, que foi de 6,8354 yuans.

Influenciada ainda pelo declínio nos mercados regionais:

- A Bolsa de Taipé, em Taiwan, fechou em baixa pelo terceiro pregão consecutivo. O índice Taiwan Weighted caiu 3,2% e encerrou aos 4.579,62 pontos.
- O fantasma da crise asiática de 1997/98 voltou a assombrar os investidores da Bolsa de Seul, na Coréia do Sul, e o índice Kospi desceu para menos de mil pontos, pela primeira vez em mais de três anos. O índice desabou 10,6% e encerrou aos 938,75 pontos.
- Nas Filipinas, o índice PSE Composto da Bolsa de Manila fechou na mínima de três anos, aos 1.953,49 pontos, após recuar 2,1%.
- O índice S&P/ASX 200 da Bolsa de Sydney, na Austrália, teve queda de 2,6% e fechou aos 3.869,4 pontos, depois de ter atingido no meio da sessão seu menor nível em quatro anos, aos 3.830,0 pontos.
- A Bolsa de Cingapura tombou para seu menor nível em mais de cinco anos, acompanhando os fortes declínios nos mercados regionais, com os investidores vendendo com medo de uma prolongada recessão global. O índice Strait Times despencou 8,2% e fechou aos 1.600,28 pontos. O mercado indonésio teve forte baixa, seguindo as quedas nos demais mercados acionários regionais entre intermitentes preocupações sobre a economia global.
- O índice composto da Bolsa de Jacarta cedeu 6,9% e fechou aos 1.244,86 pontos, maior baixa em 28 meses.
- O índice SET da Bolsa de Bangcoc, na Tailândia, caiu 7,1% e fechou aos 432,03 pontos.
- Na Malásia, o mercado caiu fortemente ao menor nível desde maio de 2006, com vendas de investidores estrangeiros motivados pelo enfraquecimento das bolsas regionais e declínio nos preços das commodities. O índice composto de cem blue chips da Bolsa de Kuala Lumpur perdeu 3,6% e fechou aos 859,11 pontos.

HOJE – Nas Bolsas Asiáticas, até a 1h49min da madrugada (hora de Brasília):

Tóquio volta a subir após atingir menor nível em 26 anos
A Bolsa de Tóquio (Japão) voltou a operar em terreno positivo nesta segunda-feira, dia 27/10, após abrir em baixa e derrubar o índice Nikkei - que mede os negócios no mercado japonês - ao seu mais baixo nível desde 1982. O indicador começou o dia em baixa, aos 7.486,44 pontos, antes de reverter a tendência e operar em alta. "Precisamos de algo que surpreenda o mercado de uma forma positiva, talvez algo como as intervenções do governo para vender ienes e aumentar a liquidez do mercado", afirmou Masayoshi Okamoto, da Jujiya Securities. "Se nós não tivéssemos algo como esse, a queda de hoje, [medidas para socorrer a crise] não seriam tão significativas." Os outros mercados da região Ásia-Pacífico também operavam em queda durante a manhã de hoje (na hora local).

- Em Hong Kong, a Bolsa caía 2,99% após a abertura.
- Na Austrália, a queda era de 1,71%.
- A Coréia do Sul recuava 3,26%.
- A China afundava 2,28%.

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ÍNDICES ECONÔMICOS
(Informações da FGV, IBGE, Fipe, Ipea e Dieese)

FGV: alimentos têm alta de 0,64% no IPC-S em SP
A FGV - Fundação Getúlio Vargas - anunciou na sexta-feira, dia 24/10, que inflação no varejo da cidade de São Paulo, apurada pelo IPC-S - Índice de Preços ao Consumidor - Semanal -, foi de 0,49% na semana, até 22/10, mesmo percentual apurado na semana anterior, até 15/10. Um "equilíbrio de forças" entre preços de habitação e de alimentos levou à manutenção da alta de 0,49% no IPC-S da cidade de São Paulo, entre a segunda e a terceira quadrissemana de outubro, avalia o economista da FGV, André Braz. De acordo com ele, a inflação no setor de habitação perdeu força, no período (de 0,75% para 0,64%), em virtude do menor impacto de elevação de preços em taxa de água e esgoto residencial (de 4,29% para 3,1%). Mas esse comportamento de preços do grupo Habitação, que poderia ter puxado para baixo a taxa do índice na capital paulista, foi compensado pelo avanço nos preços dos alimentos (de 0,58% para 0,64%). No setor de alimentação, foram registrados aumentos mais fortes de preços em arroz e feijão (de 0,31% para 0,79%) e em carnes bovinas (de 0,49% para 2,14%), além de deflação menos intensa nos preços de laticínios (de -2,41% para -1,39%). "Esses três produtos foram os mais representativos, em termos de movimentação de preços, para explicar o
que aconteceu no IPC-S de São Paulo", afirmou.

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MERCADO FINANCEIRO

Uso do BNDES na crise tem limites
O anúncio de que o BNDES poderá ajudar as empresas exportadoras que apostaram no dólar fraco por meio de derivativos, reforça uma estratégia da equipe econômica: utilizar o banco público de investimento para tentar minimizar os efeitos da crise financeira. Antes, a ministra Dilma Roussef (Casa Civil) já havia afirmado que o banco promoverá políticas anticíclicas; novas linhas de crédito a exportadores foram anunciadas; e até a participação do BNDES no pacote de ajuda às empresas do setor imobiliário foi cogitada. Economistas consultados pela Folha afirmam que o papel do BNDES numa conjuntura como a atual é indispensável, mas alertam para alguns problemas. Entre eles, os limites orçamentários da instituição e a ameaça de que o banco retome uma prática do passado - servir como "hospital" para empresários em apuros. "O BNDES é muito ativo, em várias frentes, mas há limitações. Seu orçamento já estava ultraestressado com o forte crescimento dos últimos dois anos",
diz Luiz Carlos Mendonça de Barros, economista-chefe da Quest Investimentos, ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES. Ele observa que, por causa dos limites orçamentários, o banco agiu de forma "inusitada" há cerca de dois meses: "Foram ao mercado tomar dinheiro no interbancário, coisa que o banco nunca fez. Mas houve certa gritaria e recuaram". Ao concorrer com os bancos privados nos mesmos canais de obtenção de crédito, o BNDES acabaria "encarecendo" o dinheiro para as outras instituições financeiras. Para o economista, os outros bancos públicos, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, também terão "munição limitada" na tarefa de prover liquidez e
crédito: "Há limites de toda a ordem para a tarefa de substituir os bancos privados". A hipótese "hospital" - em que o socorro a empresas circunstancialmente afetadas pela crise se transforme em
prática corriqueira - é a que mais assusta o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, do Ibmec-SP: "O perigo é voltar a ser um pronto-socorro para empresários em dificuldade". Ele considera legítimo que o governo utilize seu arsenal para combater a crise, mas diz estranhar algumas medidas. "Na construção civil, é natural que haja intervenção para evitar que projetos em andamento sejam paralisados. Mas não faz sentido que o governo se torne sócio das empresas", afirma. O economista Fernando Holanda Barbosa, da Fundação Getulio Vargas, defende as medidas anunciadas até aqui: "São transitórias e levam em conta um pragmatismo necessário". Também professora da FGV, a economista Eliana Cardoso, diz que ainda é cedo para verificar a eficácia das medidas. "É uma crise diferente. As políticas utilizadas nas últimas décadas não deram resultado. E lá fora os bancos centrais não estão poupando munição", disse.

Lucro do Unibanco avança 5,6% no 3º trimestre e bate R$ 704 milhões
O Unibanco divulgou nessa sexta-feira, uma antecipação de seus resultados do terceiro trimestre, em que mostrou que obteve lucro de R$ 704 milhões - alta de 5,6% sobre o mesmo período de 2007. Como os dados ainda não passaram por uma auditoria independente, o resultado pode ser alterado até a divulgação oficial, que deve ocorrer no dia 6/11. No acumulado do ano até setembro, o banco - sexto maior do país e o quarto maior de capital privado, segundo ranking do Banco Central - teve lucro líquido de R$ 2,2 bilhões, 16,8% superior a igual intervalo do ano passado. A carteira de crédito encerrou setembro com R$ 74,3 bilhões, avançando 32,9% sobre o fechamento do terceiro trimestre
do ano passado. Já os ativos cresceram 33,3% no mesmo período, para R$ 178,5 bilhões. O banco ainda informou no comunicado ao mercado, que suas operações com derivativos indexados à variação cambial atingem cerca de R$ 10,5 bilhões. Porém, segundo o banco, "essas operações não acarretam nenhum impacto no resultado, uma vez que as marcações a mercado dos derivativos é anulada com a variação cambial sobre os investimentos no exterior."

Itaú comprou 5 carteiras de crédito essa semana
O banco Itaú informou no sábaso, dia 25/10, por meio de nota, que realizou essa semana, a compra de cinco carteiras de crédito consignado (com desconto na folha de pagamento) de outras instituições financeiras. "Além das aquisições já divulgadas, o Itaú continua estudando novas possibilidades de compra", diz, em comunicado. Na terça-feira da semana passada, dia 14/10, o Itaú já havia informado a compra de carteiras de crédito consignado, no entanto, não foi divulgada a quantidade. As compras ocorreram após o Banco Central ter anunciado, em 25/9, o desconto no recolhimento de compulsório sobre depósitos a prazo para os bancos que comprarem carteiras de outras instituições. Essa é uma das medidas da autoridade monetária para melhorar a liquidez do sistema financeiro. Entre os bancos privados, Bradesco e Unibanco já anunciaram a compra desses ativos com base nas novas regras do BC.

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COMÉRCIO EXTERIOR

Reunião de países do Mercosul deve ter discussões, mas não decisões
A sétima reunião extraordinária do Conselho do Mercado Comum, que se realiza nessa segunda-feira, dia 27/10, em Brasília, deve servir para que os ministros dos países do Mercosul possam coordenar as ações dos países integrantes do bloco, em resposta à crise financeira mundial. Entretanto, não deve haver decisões. “Não estou esperando nenhuma medida específica adotada naquele momento [reunião de segunda-feira] e também não creio que vá haver nenhuma medida na reunião que o presidente Bush está convocando”, afirmou na sexta-feira, dia 24/10, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. “Ninguém tem uma resposta imediata, cada um tem a sua, mas você vai trocar experiência e vai mostrar por que fez tal coisa e não fez outra e também, como aquilo que nós formos fazer no futuro, deve ser feito de uma maneira coordenada, transparente e sobre tudo, que não prejudique as relações entre os próprios países da América do Sul, que é um patrimônio muito grande”, afirmou Amorim, logo depois de se reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestina, Riad Al-Maki. Mesmo sem esperar decisões, o ministro disse que a expectativa é muito positiva. “Eu tenho a certeza de que uma das coisas importantes que nós temos que discutir, é como evitar que o patrimônio da integração que foi criado, não se perca por conta de uma reação a problemas que vêm de outros lugares”. Perguntado sobre possíveis novas reações de caráter protecionista vindas da Argentina, o chanceler se mostrou confiante de que o país vizinho não deve responder dessa forma à crise. “Medidas protecionistas não são boas, porque geram outras medidas protecionistas, e se a pessoa olhar para a história e para a crise de 1929, vai saber que o fato de cada um querer proteger apenas o seu interesse e não pensar no interesse dos seus parceiros, acabou prejudicando a si próprio, mas eu não acredito que a Argentina vá fazer isso [adotar mais medidas de salvaguarda]”, argumentou. Amorim defendeu, também, que é importante uma posição de liderança dos países mais ricos, que deveriam demonstrar maior flexibilidade para a conclusão da Rodada Doha. Para o ministro, a finalização desse acordo seria fundamental, ainda que não seja uma solução definitiva. “Certamente isso seria um sinal positivo que poderia ser dado”, disse. Para Amorim, um acordo poderá contribuir para diminuir o efeito negativo da crise financeira na economia real.

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AGRONEGÓCIOS

Stephanes diz que safra 2008/2009 está garantida
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou nessa quinta-feira, 23/10, que a safra 2008/2009 está garantida. Segundo ele, aproximadamente 80% dos agricultores estão em condições de plantio e com crédito. Stephanes adiantou que se for preciso o governo pode liberar mais crédito para o setor. "Nós estamos acompanhando dia-a-dia o que está acontecendo em relação ao plantio, e à medida que se comprovar necessidade de crédito, efetivamente vamos tomar decisões", disse. O ministro reconheceu que existem questões "residuais", principalmente na Região Centro-Oeste, onde agricultores estão com dificuldades para financiar o plantio. Stephanes informou que enviou uma
equipe para visitar diferentes regiões do estado de Mato Grosso, considerado o que está em situação mais crítica. "Possivelmente poderemos ter outras medidas, dependendo do quadro de plantio e de necessidades que se mostrarem no estado", disse. Para Stephanes, o único fator que não se pode prever é o climático. "No ano passado tivemos condição excepcional de clima, mas em termos de intenção de plantio está demonstrado que vamos repetir a área e que a produção deverá ser boa e, de forma geral, as condições meteorológicas até janeiro serão normais". Stephanes participou na manhã de quinta-feira passada, ao lado do ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, do
lançamento do programa Defesa Agropecuária: Mais Ciência, Mais Tecnologia, que prevê investimentos de R$ 120 milhões, ao longo de três anos, em projetos de pesquisa para as ações na área de defesa agropecuária.

Crise financeira não é ruim para todos
Mas se a crise internacional é ruim para uns, para outros é sinônimo de oportunidade. No Rio Grande do Sul, quem cultiva arroz está otimista. Na quinta-feira, foi realizada a festa de abertura do plantio da safra. A abertura oficial foi no município de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre. “Nós temos a expectativa de produtividade média de 7,2 mil a 7,3 mil quilos por hectare para a próxima safra se as condições climáticas foram favoráveis, como foi nos outros anos”, disse Maurício Fisher, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz. O agricultor Carlo Simonetti iniciou o plantio do arroz em setembro. Por isso, já está com quase toda a lavoura cultivada. Mesma com a interrupção da semeadura em função da chuva, ele não deve ter atrasos para concluir a lavoura. “Essa chuva, se para um lado está prejudicando o plantio, por outro está recuperando o nível de barragens que estavam com nível baixo”, disse Simonetti. Em todo o Estado, cerca de 40% da área já foi cultivada. A previsão é que sejam plantados 1,082 milhão de hectares, com incremento de 2% em relação a 2007. A fronteira oeste é a região do Estado mais adiantada no plantio. Dos 308 mil hectares, cento e sessenta e nove mil já foram semeados. A nova safra é vista com otimismo pelo setor. “Os preços hoje de mercado estão praticamente equilibrados com o custo de produção. Nós tivemos um incremento de custo de produção. E a crise econômica valorizou o dólar em frente ao
real, o que provocou uma dificuldade nas importações do Mercosul. Por essa conjuntura, estão dificultadas as importações. Inclusive nesse momento as exportações superam as importações, o que é um fato positivo e importante. O dólar mais elevado beneficia as exportações”, concluiu Renato Rocha, presidente da Federarroz. O plantio do arroz no Rio Grande do Sul deve se estender até novembro.

Embrapa recebe indenização por pirataria de sementes
A Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - informou na sexta-feira, dia 24/10, que começou a receber indenizações pela cobrança de multas de produtores de sementes que multiplicavam ilegalmente cultivares protegidas da empresa. Doze empresas foram penalizadas nesse ano, o que resultou na indenização de cerca de R$ 700 mil pela produção irregular de mais de 8,5 mil toneladas de sementes, segundo nota distribuída pela assessoria de imprensa da Embrapa. Com objetivo de dar apoio à fiscalização realizada pelo Ministério da Agricultura, os Escritórios de Negócios e Unidades de Produção da Embrapa Tecnologia de Tecnologia intensificaram a checagem de mapas e campos de produção. O trabalho foi fundamental para a identificação de irregularidades, avalia o gerente geral José Roberto Rodrigues Peres da Unidade, que desencadeou o processo no âmbito da Empresa. Segundo acredita, a iniciativa deve ser comum aos obtentores de cultivares, pois promoverá redução significativa no uso de semente ilegal - que, em 2006, era de cerca de 50% em algumas regiões do país, segundo dados da Abrasem - Associação Brasileira de Produtores de Sementes e Mudas -, aponta. O gerente lembra que somente o obtentor dos materiais protegidos pode autorizar a multiplicação e licenciar a empresa para a comercialização, por meio de contrato. Peres promete ampliar o alcance da ação, iniciada pelo Centro-Oeste. "O programa de auditagem dos campos vai ser intensificado para resgatar os valores devidos aos cofres públicos", anuncia. Segundo entende, a má fé não pode ser descartada, mas há também muita desinformação, por isso a ação é também educativa.

Brasil terá Comissão Nacional de Produção Orgânica
A implementação da CNPOrg - Comissão Nacional de Produção Orgânica - e as novas atribuições das comissões estaduais estão previstas na IN - Instrução Normativa - nº 54, publicada no Diário Oficial da União na quinta-feira, 23/10. A IN representa mais um passo na aplicação da Lei 10.831/2003 que regulamenta a agricultura orgânica brasileira. As comissões, fóruns de interação entre o setor público e privado, são formadas por representantes dos segmentos da rede de produção orgânica. Com a instrução normativa, passam a ter como principal atribuição, assessorar o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, a ser implementado em ato normativo. Atualmente, o Brasil possui 26 comissões de produção orgânica, que terão prazo de até seis meses para se adequar às
novas regras estabelecidas. Segundo a coordenadora substituta de Agroecologia, do Mapa - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -, Tereza Cristina de Oliveira Saminêz, os consumidores serão beneficiados. “A atuação das comissões como assessoras do novo Sistema, garantirá a qualidade dos produtos orgânicos”, ressaltou.

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MATÉRIA ESPECIAL

Crise financeira faz países voltarem a bater na porta do FMI
A crise financeira ressuscitou o FMI - Fundo Monetário Internacional -, que nessa sexta-feira, anunciou empréstimo de US$ 2,1 bilhões à Islândia, e voltou a despontar como bóia de salvamento para muitos governos com a água no pescoço. Após meia década praticamente sem clientes, período no qual foi obrigado a reduzir o quadro de funcionários e reavaliar seu papel no mundo, o órgão multilateral de crédito agora não pára de ouvir o telefone tocar. A entidade se tornou credora de países que não conseguem empréstimos em nenhuma outra instituição. Na porta do FMI, batem Paquistão, Belarus, Hungria e Ucrânia. Mas nessa fila ainda pode entrar a Bolívia, disse na sexta-feira à Agência Efe o ministro da Fazenda do país, Luis Arce. Arce, o ministro boliviano, admitiu que se os preços do petróleo continuar caindo, seu país também precisará de dinheiro de entidades multilaterais de crédito. "A idéia seria buscar financiamento para manter os investimentos públicos", afirmou. A Islândia será o primeiro a obter recursos do órgão de crédito, que, pela primeira vez em décadas, vai emprestar dinheiro a um país desenvolvido. Devido às turbulências nos mercados, o governo da Islândia se viu obrigado a estatizar a maior parte de seu sistema bancário. Ao mesmo tempo, os juros de sua dívida dispararam e a moeda nacional perdeu 70% de seu valor. Durante a semana, o país negociou com o FMI e vários países, como Rússia, Japão e seus vizinhos nórdicos, a possibilidade de receber ajuda para sair do atoleiro. Porém, até o momento, o FMI foi o único que colocou dinheiro sobre a mesa. Ao todo, o órgão vai colocar à disposição US$ 2,1 bilhões ao longo de dois anos, assim que seu Conselho Executivo ratificar o princípio de acordo no começo de novembro. O objetivo da entidade, segundo um comunicado, é ajudar o país a "se ajustar à crise econômica de uma forma mais ordenada e menos dolorosa", dado o "colapso" de seu sistema bancário. Embora a quantia do empréstimo possa parecer irrisória, já que EUA e Europa prometeram trilhões para estabilizar o
sistema financeiro, para a Islândia esse crédito equivale a 10% de seu PIB - Produto Interno Bruto - e a 1.190% de sua contribuição ao FMI. Pedintes Essa comparação dá uma idéia da grande quantidade de dinheiro que será necessária para estabilizar as economias de outros países. O FMI já disse contar com US$ 250 bilhões para essas operações. A Ucrânia pode receber US$ 15 bilhões desse bolo em dois anos, segundo seu Governo, enquanto o Paquistão pode precisar de US$ 10 bilhões. Outros
países do leste da Europa, provavelmente engrossarão a lista de pedintes, devido aos seus altos déficits em conta corrente, que os tornam dependentes do capital externo em um momento no qual os investidores fogem de ativos de risco. Mas o dinheiro do FMI não é de graça nem de fácil aquisição, já que é preciso preencher vários requisitos para receber os empréstimos. "A questão é se o FMI vai adotar medidas prejudiciais como no passado", disse Marc Weisbrot, co-diretor do CEPR - Centro de Análise Econômica e Política -, na sigla em inglês, um instituto de pesquisa europeu. Gastos públicos Durante a crise asiática em 1997, o FMI exigiu dos governos cortes nos gastos públicos, o que agravou a contração das economias socorridas. "Os países ricos estão fazendo o contrário do que o FMI disse às nações em desenvolvimento durante décadas. Estão nacionalizando e aplicando políticas de expansão fiscal", declarou Weisbrot. Dessa vez, o órgão disse que imporá menos condições que o normal nos empréstimos de emergência contra a crise atual e que os analisará em duas semanas no máximo. Alguns governos já disseram que não lhes agrada a idéia de ter o órgão fiscalizando suas políticas, monetária e fiscal. Mas, dadas as atuais circunstâncias, não restam muitas alternativas. (Efe, de Washington)


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MERCADO DE TI & Telecomunicações

Crise financeira deve impulsionar uso de SaaS e cloud computing no Brasil
A crise financeira mundial pode ser um acelerador do processo de amadurecimento dos mercados de software como serviço (SaaS) e de cloud computing (computação em nuvem), na opinião de Ronei Silva, sócio-diretor da TGT Consult. Isso porque, de acordo com o especialista, esse tipo de solução atende a duas principais exigências das empresas nesse cenário de instabilidade econômica: reduzir custos e melhorar a gestão do ambiente de TI. "Na verdade, não acredito que o mercado brasileiro vai sentir um crescimento imediato das áreas de SaaS e cloud computing", contrapõe Silva, que acrescenta: "Mas o fato das empresas começarem a analisar esse tipo de solução tende a acelerar o amadurecimento desses dois mercados". Em termos de projeções, Silva afirma que a crise financeira tende a fazer com que entre 2010 e 2011, os mercados de software como serviço e computação em nuvem alcancem números expressivos no Brasil. Enquanto as projeções anteriores apontavam que isso deveria acontecer apenas em 2012", analisa o consultor. Ainda segundo o sócio-diretor da TGT Consult, o cenário de crise também tende a estimular uma revisão dos orçamentos de TI de boa parte das empresas brasileiras. "E todos os projetos que não têm um retorno sobre o investimento em curtíssimo prazo devem ser postergados", ressalta o especialista, lembrando que isso afeta tanto os fornecedores de hardware como de software. Outro efeito da instabilidade econômica relata Silva, está no fato de que as empresas tendem a reavaliar os atuais contratos de serviços na área de TI, com o intuito de cortar despesas. Nesse sentido, o especialista aconselha que os canais, precisam ser pró-ativos, ao sugerir a reavaliação dos acordos. "Pois, quando a decisão de cortar os custos com um determinado projeto parte do cliente, a tendência é que a redução seja muito mais drástica", aconselha o especialista.

Resultados da Microsoft mostram Office em alta e Vista em baixa
Os resultados financeiros da Microsoft no primeiro trimestre do ano fiscal 2009 apontaram duas histórias diferentes nas duas franquias principais de software da empresa. O faturamento da área da Microsoft relacionada quase que exclusivamente com o Vista, teve alta de 2% na comparação ano a ano, para faturar 4,22 bilhões de dólares. “Isso é bem pouco perante as expectativas da Microsoft," disse Matt Rosoff, analista da Directions on Microsoft. "Existe sempre a preocupação, já que (o sistema operacional) é a parte principal do negócio da empresa”. É o segundo trimestre em três que as vendas de Vista cresceram marginalmente ou encolheram. No terceiro trimestre de 2008, a
área do Vista, na Microsoft, caiu 24% na comparação ano a ano. O fraco crescimento do Vista foi registrado mesmo com a alta de 10% a 12% no mercado de PCs. A Microsoft culpou o ritmo lento de adoção do sistema operacional pelas vendas estagnadas de PCs nos mercados desenvolvidos e das vendas impressionantes de PCs de baixo custo, especialmente os NetBooks. Clientes em países em desenvolvimento tendem a comprar PCs com versões mais baratas e básicas do Windows Vista. Ou, ao comprarem NetBooks, eles tendem a buscar o XP Home ou o Linux, o que impacta o
faturamento do setor. As vendas para os fabricantes de PCs - que representam 80% das vendas do Vista -, caíram 1% no período. A expectativa da Microsoft é que o Vista recupere o seu desempenho no segundo trimestre com alta de 7% a 10%, durante o período de festas. “Acreditamos, especialmente com o natal chegando, as vendas serão relativamente boas”, disse o CFO da Microsoft Chris Liddell durante a teleconferência dos resultados. Mas o analista Rosoff, disse que ficou “surpreso com o otimismo para o trimestre de festas”. Outros grandes fabricantes de PC também não
compartilham a falta de confiança da Microsoft. A Intel já comentou sobre o futuro incerto na conferência de resultados no início desse mês.
Office 2007 só cresce
Já o Office 2007, enquanto isso aparenta seguir forte em seu crescimento impressionante. O faturamento nessa divisão cresceu em 20% na comparação ano a ano, para 4,95 bilhões de dólares. A empresa não revela, no entanto, a porcentagem de receita da divisão que está vinculada com o Office. A Microsoft tem diversos outros produtos altamente lucrativos, mais especificamente o Exchange Server, que é estimado por Rosoff, em quase 2 bilhões de dólares anualmente. De qualquer maneira, o Office representa a maior parte dos resultados da divisão. A expectativa para essas receitas é de alta de 7% a 8% no próximo trimestre, e 12% a 13% pelo ano inteiro, muito mais do que o faturamento com Vista.

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ANÁLISE SETORIAL

Empresas terão 70% dos ganhos "engolidos" por câmbio e juros
As empresas brasileiras com ações em Bolsa deverão destinar cerca de 70% de seus ganhos para cobrir despesas financeiras com juros e variação cambial no terceiro trimestre de 2008. Esse cenário poderá acarretar corte de custos e menos investimentos, o que comprometerá o crescimento econômico. Estima-se que as dívidas das empresas em moeda estrangeira, estejam hoje na casa dos US$ 60 bilhões. Com a alta de 20% da moeda americana no terceiro trimestre, a expectativa é que as despesas com juros e câmbio batam facilmente em R$ 17,067 bilhões, montante que deve consumir 71% do lucro operacional das empresas abertas. A Economática analisou dados de 241 empresas,
excluindo Vale e Petrobras, nos últimos nove trimestres. BNDES Na última sexta-feira, durante uma palestra no Rio de Janeiro, o presidente do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -, Luciano Coutinho, disse que a instituição pretende ajudar empresas exportadoras que tiveram perdas com derivativos cambiais. Ele explicou que o processo está em discussão e será
feito em conjunto com outros bancos. "É uma parte de empresas exportadoras, que tinham gestão financeira mais sofisticada que entraram nesse tipo de derivativo. É um conjunto limitado e é um processo que está em curso. A grande maioria está renegociando com a própria rede bancária condições para solucionar isso", afirmou. Coutinho explicou que o BNDES vai avaliar caso a caso, e acrescentou que o setor bancário privado está disposto a refinanciar as perdas dessas empresas e "diluir isso na frente". "Uma vez que isso seja solucionado vai desaparecer um elemento de incerteza, que tem travado um pouco, o processo de concessão de crédito dentro do sistema bancário",
completou. Empresas como Sadia, Aracruz e Votorantim, anunciaram perdas na casa dos R$ 5 bilhões com as chamadas operações de "hedge" (proteção) cambial. O governo, porém, já estimou em torno de 200 as empresas que podem estar expostas a esse tipo de ativo. Açúcar e álcool Nesse sábado, o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, João Sampaio, afirmou que metade das usinas de álcool e açúcar, que estavam previstas para entrar em funcionamento nessa safra no centro-sul do país, teve seus projetos adiados ou o ritmo das obras desacelerado em razão da crise de crédito que atinge a economia. O secretário acredita que a onda de fusões e aquisições entre usinas em São Paulo deve ser ampliada nos próximos anos, como forma de sobrevivência das empresas. "Há uma tendência de as usinas pequenas serem incorporadas. Era um processo de consolidação que iria ocorrer nos próximos anos. Isso vai ser acelerado. Provavelmente, se a crise continuar por um
período mais longo, algumas usinas farão a safra de maneira diferente, vão se buscar, se juntar", disse.

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MERCADO de e-Commerce

Amazon aumenta vendas em 31%
A Amazon.com, maior varejista online do mundo, disse que no terceiro trimestre do ano suas vendas avançaram 31% em relação ao mesmo período de 2007, chegando a US$ 4,26 bilhões, impulsionadas pelo aumento do mix de produtos, pela estratégia de frete grátis e pela política de preços baixos. Os lucros chegaram a US$ 0,27 por ação, ligeiramente acima das expectativas do mercado. A empresa acredita que faturará entre US$ 6 bilhões e US$ 7 bilhões no quarto trimestre do ano, fechando 2008 com um volume de vendas em torno de US$ 19 bilhões.

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MERCADO DE LUXO

Luxo teme perda do consumidor "emergente"
Para não perder a porta de entrada dos potenciais e futuros consumidores de sua linha de luxo, a Audi, empresa automobilística que importa carros no Brasil, correu para garantir uma promoção nos atuais tempos de crise. Vai manter o modelo "mais popular" de sua linha, o Audi A3 Sportback (R$ 120 mil), com financiamento direto da própria companhia. O cliente paga metade à vista e o restante em "suaves" 24 prestações, como informa o diretor da empresa, Paulo Pereira. Com isso, quer estimular o que os profissionais que trabalham com grifes glamourosas chamam de "experiência da marca". Ou seja, permitir que o contato com um dos produtos do seu portfólio estimule outras compras. Nos arquivos das empresas de luxo, há registro de conquistas de consumidores em investidas do gênero. O Audi R8 - modelo mais caro da empresa, que custa cerca de R$ 750 mil - é vendido apenas à vista. Mesmo assim, as unidades trazidas para o País estão vendidas. O tamanho do faturamento de bens de luxo no Brasil é projetado em 1% do mercado global, estimado em US$ 450 bilhões, segundo estudo da Boston Consulting Group. Há segundo Carlos Ferreirinha, dono da MCF Consultoria,
especializada no setor de luxo, cerca de 800 mil consumidores no segmento. São pessoas com renda mensal de cerca de R$ 25 mil e concentradas na cidade de São Paulo. Patrícia Assui, gerente geral da Tiffany & Co. no Brasil, reconhece que os primeiros clientes a fugir das lojas que vendem artigos de luxo não são os milionários, mas aqueles que podem comprar um ou outro objeto de desejo. Diz,
porém, que não sentiu reflexos disso nas duas lojas que a companhia mantém aqui. Não se viu obrigada a importar mais peças de prata, em vez de diamantes, que são mais caras. "Tenho monitorado diariamente, a planilha de vendas e acho que a crise poderá nos favorecer", diz ela. "Os brasileiros viajaram muito e com isso fizeram compras lá fora. Com o dólar alto, as viagens se reduzem e as compras passam a ser feitas aqui."

Especialistas prevêem que mercado de luxo terá retração
Os importadores ainda, não anunciaram revisões em seus planos, mas especialistas já prevêem uma retração no consumo de bens de luxo no País. Com o dólar acima dos R$ 2,20, o sonho de adquirir itens dessa grandeza, se torna mais distante para uma parcela da população. Quem tem dinheiro para pagar à vista, vai continuar comprando, mas aquele que pensava em parcelar sairá do mercado.

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